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sexta-feira, 5 de março de 2010

POLITICA - Polêmica entre vereadores sobre a lavagem de carvão

Os vereradores revelam as posições a respeito da Mina 101, de propriedade das Empresas Rio Deserto, que pretende fazer a lavagem do rejeito, em Içara, que inicialmente seria feito em Siderópolis.



A empresa mineradora Rio Deserto, responsável pela implantação da Mina 101, nas localidades de Santa Cruz e Esperança, em Içara, manifesta interesse de realizar a lavação do rejeito carvão no local e fazer o transporte para a mina desativada no Poço Oito, sendo que inicialmente seria transportado para Siderópolis.
O assunto vem gerando polêmica entre os munícipes e os representantes da Câmara de Vereadores, visto que o requerimento na pauta da sessão da Câmara Municipal de Içara,, realizada no dia 1o de março, constava a discussão a respeito do Projeto de Lei PL/01/2010, de autoria dos vereadores Geraldo Baldissera (PDT), Darlan Bitencourt Carpes (PP) e André Mazzuchello Jucoski (PSBD), que visa a proibição do beneficiamento, lavagem e depósito de rejeitos do carvão mineral no munícipio. Contudo, o projeto foi retirado da pauta de votação pelo autor, Geraldo Baldissera.
Jucoski diz que ainda não viu o projeto da Mina 101, mas ele e o partido são contra a lavagem e o depósito em Içara. “Em reunião feita com a executiva do PSBD, concluímos que somos favoráveis ao acordo para que o carvão seja lavado em outra comunidade, mas agora iremos acompanhar tudo de perto”, revela o vereador tucano, citando que Baldissera pode ter retirado o projeto para conseguir buscar mais votos favoráveis a transferência de local.
Já o vereador Osmar Manoel dos Santos (PP), o Mazinho, afirma que não é nem contrário, nem favorável a questão. “Sou pelo correto. Se há uma lei que proibirá a lavagem ou não, isso deverá ser decicido pe-la Fundai (Fundação do Meio Ambiente de Içara), além de conferir a constitucionalidade da questão com o procurador federal”, finaliza Mazinho.
Já Neuzi Berto Silveira (DEM), relata que irá se posicionar após a reunião que será realizada entre o final dessa semana e a semana que vem com os empresários da Rio Deserto. “Os responsáveis irão mostrar os projetos aos vereadores, para a análise, e ai sim terei uma opinião”, ressalta Silveira.
Quem também compartilha da mesma opinião, é Antônio de Mello (PMDB). “Como o processo está em tramitação, precisamos saber no que dará. Primeiro, a empresa iria retirar o carvão e levar para Siderópo-lis, mas agora temos que ver como ficará, levando em consideração o compromisso com o meio ambiente, em recuperar as áreas degradadas”, conta,
Joaci Domingos, o Boca (PP) comenta o seguinte. “Nessa altura, não sou contra nem a favor. Temos antes que saber qual o tipo de trabalho que será desenvolvido”, declara Boca.
Já o presidente da Câmara, Acirton Costa (PMDB), é favorável. “Isso vai gerar emprego, renda e arrecadação. O município precisa disso”, confirma Costa.
Para Jurê Bortolon (PMDB), a questão da mineração já foi aprovada. “Agora temos que estudar o projeto da lavagem do carvão”, encerra Bortolon.
Até o fechamento da edição, o autor do projeto não quis se manifestar e os vereadores Darlan Carpes (PP) e Itamar da Silva (PP) não foram localizado.

A Rio de Deserto afirma que o projeto não está concluído

As Empresas Rio Deserto estão aplicando novas tecnologias para a classificação de carvão, processo que tradicionalmente é chamado de beneficiamento. Na Mina Novo Horizonte, o equipamento que já está sendo utilizado é o aerosseparador, que usa o ar para separar o carvão e dispensa totalmente o uso de água. O projeto de classificação do carvão na Mina 101, em Içara, ainda não está concluído e somente daqui 20 dias será protocolado junto aos órgãos competentes. E que a ideia é utilizar uma tecnologia chamada meio denso, que vai consumir menos de 1/3 da água necessária no processo tradicional de beneficiamento. Para a mesma quantidade de carvão a separar, no método de classificação meio denso são utilizados 250 metros cúbicos de água, enquanto o beneficiamento tradicional são necessários 800 metros cúbicos.
Outra grande diferença é a área necessária para implantação do sistema. Se fosse utilizado lavador, a área da mina e beneficiamento precisaria de 100 hectares. Já na tecnologia meio denso, o equipamento poderá ser colocado na mesma área onde já está a mina em implantação, sem aumentar o espaço já ocupado hoje. Pelo projeto, a tecnologia meio denso será associada a outras duas tecnologias, o espessador de lamelas e o filtro prensa. O primeiro será utilizado para separar os finos da água, no processo de clarificação do líquido. O resultado da separação são finos sólidos ainda úmidos, e esta água será retirada através do filtro prensa, o que resultará em rejeitos secos e em forma de blocos. A ideia é que este material seco seja colocado no depósito de rejeitos no Poço 8, em Içara. No entanto, o projeto ainda não está concluído e, por consequência, ainda não tem licenciamento. Os rejeitos ficariam por dois a-nos neste depósito, depois voltariam a ser colocados no interior da mina, em um novo processo chamado Draw Back. A partir dos dois anos de operação da mina, todo re-jeito seria depositado no interior da mina e a área do Poço 8 será recuperada conforme já ocorreu em outras áreas. "Desde que a Mina 101 começou a ser planejada, novas tecnologias surgiram e as Empresas Rio Deserto estão sempre pesquisando e buscando o que há de novo para poder produzir com o menor impacto ambiental possível", explica a engenheira Rosimeri Redivo, responsável pela Gestão Integrada da empresa.

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