O Galvão Bueno costuma dizer que ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é melhor ainda. Sinceramente, de minha parte acho que ganhar é sempre bom, seja da Argentina, Itália, Camarões, Botswana. Ganhar é bom, ganhar de lavada, com autoridade, isso sim é que é melhor ainda. E foi o que aconteceu neste 21 de junho de 2009 quando ganhamos da Itália por um superior 3 x 0, com tanta autoridade que aos onze minutos do segundo tempo já estávamos bocejando.
Aliás, ganhamos da Itália exatos trinta e nove anos depois de, em outro 21 de junho, ganharmos por 4 x 1 na grama do estádio Azteca, na cidade do México, sagrando-nos tricampeões mundiais.
Vou aproveitar o espaço e dar uma de comentarista esportivo, que não tem nada para fazer a não ser comentar o passado, e avaliar os jogadores do Brasil (Eles vão ficar preocupadíssimos com minha avaliação, ainda mais o Kaká, ganhando duzentos mil reais por dia... eu to dizendo que isso não vai acabar bem, mas é uma outra história... fiquemos com a pura análise futebolística).
Julio César é atualmente o cara. Além de ser oriundo do Flamengo, o que lhe garante pontos adicionais, está numa fase Magnífica. Tanto que até a isenta imprensa paulista torceu o braço e parou de gritar histericamente por Marcos e Rogério Ceni. Nosso miolo de zaga é o sonho de qualquer time europeu, os reis da defesa. Lúcio é a analogia do besouro (aquele bichinho que voa contra todas as leis da física). O Lúcio joga contra todas as leis do futebol. Desengonçado, duro e mau humorado, dribla, corre, chuta, desarma, e faz a gente rir com o estilo Lúcio. Juan é exatamente o oposto do Lúcio, tecnicamente. É frio, preciso, suave, técnico, incapaz de uma jogada estabanada. É uma mistura de Luizinho (aquele da seleção de 82) e Aldair.
Na lateral direita, Maicon é um touro com freio abs. Impressiona como o cara corre. Em determinado momento, no segundo tempo, ele estava cobrindo o lateral esquerdo. Além disso, tem cruzamentos muito bons.
A lateral esquerda é nosso ponto fraco (como toda seleção magnífica: Assim era o Félix em 70 e o Serginho Chulapa em 82). O Tal André é muito fraco. Erra passe de dois metros. Parece que foi convocado para atender alguma exigência empresarial (o que é comum em se tratando de seleção brasileira).
No meio, a mais grata satisfação é o menino Ramirez. O garoto me lembra o Paulo Isidoro, com aquelas gambitas finas, longas. Só que é um Paulo Isidoro com olhos de Falcão. Vê o jogo, lança bem, aparece na frente. Tem futuro. Já o Felipe Melo é um jogador menos talentoso. Carrega um armário com tranqulidade, dando cobertura aqui e ali. É meio parecido com o Dunga. Só que o Dunga lançava melhor. Gilberto Silva, por sua vez, atua com tamanha tranquilidade que sempre parece que ele sabe exatamente o que vai fazer. O problema é que algumas vezes, só parece... ele não faz. Aí, dá problema. Mas, entre ele e Josué, fico com ele.
Por fim, chegamos ao estelar espaço dos atacantes. O ataque é o terreno sagrado do futebol brasileiro. Não damos a mínima para nossos zagueiros, nossos cabeças de área, ou laterais. Só temos olhos para os “ponta-de-lança”, ou, os atacantes. Pois, na seleção, para variar estamos bem servidos... e mal servidos também.
É que, se temos um Kaká, que é um exemplo de atleta, solidário, com passes precisos (que o diga o segundo gol), que arremata bem de dentro e fora da área, e mesmo quando joga mal, joga bem, lembrando em tudo o fabuloso Zico; se temos um Luiz Guerreiro Fabiano, que briga sem temor com uma zaga inteira, que não sabe o significado da expressão “bola perdida”, que fareja o gol como um cão perdigueiro fareja a perdiz, temos, na outra banda, um robobinho.
Esse rapaz é a síntese do egoísmo. De cada trinta jogadas, acerta uma, e por essa uma, permanece na seleção. Robobinho é um cara que joga um esporte coletivo para se aproveitar do coletivo. Uma pena, porque a seleção sempre foi superior a qualquer outra, por ter o melhor coletivo.
Por tudo isso, o Brasil é fantástico, porque mesmo jogando com nove, dobrou a Itália. Bom pra nós.
Até a próxima semana com mais um assunto. Um abraço.
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