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quarta-feira, 2 de junho de 2010
COLUNISTA - Elza de Mello
Nuances de Vidas em Crônicas (47)
A chuva não da trégua. As estradas de chão como denominam as pessoas do interior, são verdadeiros lamaçais. A vida do trabalhador do campo está ociosa e a a segurança financeira, comprometida com as perdas das lavouras. Instala-se o caos no município com a população dos bairros a clamar por melhorias nas estradas que se encontram intransitáveis. É uma situação caótica, não há dúvidas. Mas enquanto chover desta maneira não adianta culpar o prefeito, o governo ou o Lula. Estamos vivendo uma situação inusiatada em todo Estado. Então vamos pensar um pouco. É culpa do Dário Berger se os moradores da Barra da Lagoa ou da Armação estão com as residências perdidas ou comprometidas? Conscientemente não podemos dizer que seja. Não só os mais empobrecidos perderam o quase nada que tinham. Alguns perderam as mansões construídas nas áreas mais nobres do litoral. Mas há alguns pontos que se observarmos com atenção percebemos como agressão à natureza. E então, no dia em que a natureza cobra a intromissão humana, o homem clama ou blasfema contra Deus. Se em Floripa houve o desvio do Rio Peri, em outros lugares houve a invasão dos vales, dos morros e até mesmo riachos que desapareceram com acão das terraplanagens. Para uns, a impossibilidade de comprar um terreno mais bem situado, para outros, a ganância de fazer terra onde era um escoadouro viável aos dias de alagamento como estamos passando hoje.
Mas voltando a realidade de Içara, é incrível pensar que a Rua Ana Joaquina, parte do loteamento situado em Pedreiras, pudesse estar alagada. Quando criança, costumava percorrer aquele espaço e conheço-o muito bem! A areia fina fil-trava qualquer chuva que caía sobre ela, em questão de segundos. Se hoje há alagamentos é devido a intervenção humana. Ter o Balneário Rincão alagado é normal e inevitável, a cidade está ao nível da orla marítima. Com calçadas, ruas pavimentadas, área residencial, o excesso das águas vão se acumular onde lhe sobra o espaço natural. E não há o que fazer em si-tuações emergenciais. O caos foi sendo instalado aos poucos, quase sempre com a clandestinidade dos loteamentos, os jeitinhos a ajeitamentos tão comuns aos afilhados das administrações. E depois vem o troco, é natural! Mas também não se pode cruzar os braços e dizer que tudo é culpa do outro. Afinal, quando o sol brilha no espaço e a vida segue o curso natural, parece que todos esqueceram das calamidades.
Dia 16 de maio, sai para observar como estavam as vias de acesso às comunidades rurais, nossos alunos estavam faltando às aulas e não havia comunicação. Telefones são raros nessas comunidades. Até mesmo o celular é difícil de acessar. Então fui verificar in loco. Se a situação não trouxesse tantos prejuízos às lavouras, como pude observar a safra do feijão perdida, o espraiar do Rio Urussanga fazia uma paisagem bela. Atrás da Capela São Sebastião, as águas se espalharam pelos campos e cobriu toda a pastagem. Não se avistava a ponte de acesso ao Torneiro. Uma casa além da ponte parecia que estava a flutuar nas águas do Urussanga. Descemos pelo Rio Acima e não tivemos passagem nos Tibuques. Voltamos e pegamos o acesso Urussanga II. Observamos com pesar que os estragos estavam em todos os lugares. Ao chegarmos próximo do Alto Alegre já vimos o rio espraiado.
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