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quarta-feira, 16 de junho de 2010
COLUNISTA - Elza de Mello
Nuances de Vidas em Crônicas (49)
As ruas se enchem de verde e amarelo. O assunto mais recorrente é o evento esportivo internacional do futebol, a Copa do Mundo. Idosos, jovens, crianças estão sempre dando palpites sobre a seleção vitoriosa e, é claro, torcendo pela sua seleção de nacionalidade. Entre os palpites há sempre um craque, um salvador da Pátria. E cada seleção tem o seu craque invencível, o seu mito, mesmo que seja apenas por um espaço da Copa. A união pela torcida de uma copa é visível em qualquer país.
Esta Copa nos traz o país sede com as especificidades. Há todo um contexto cultural que irmana o continente a-fricano a outros países europeus, asiáticos e americanos. Até porque segundo estudos arqueológicos, a Eva, a mãe da humanidade é uma africana. Então há um apelo lógico para a cultura africana estar enrustida na civilização atual. Os jogos nos mostram diferentes cidades produzidas para o evento e um povo simpático, sorridente, afável e presente com seu jeito de ser e de viver esbanjando o colorido tão usual. No momento não importa ao africano os jogos pelo qual passou, a exploração e as humilhações sofrida pela nação. Um só ideal direciona o evento; a vitória!
Enquanto a bola rola no gramado africano, em solo brasileiro toma vulto o pleito eleitoral do ano 2010. A vitória ou a derrota da seleção brasileira não renderá voto a nenhum dos candidatos. Então a campanha eleitoral não poderá parar para aplaudir ou recriminar os jogos que andam independente da ocorrência política. Há convenções e apresentações dos partidos políticos. Há um fato novo pairando no ar com o lançamento de duas mulheres para a majoritária presidencial. Um fato raro no Brasil! Um país onde o machismo ainda domina a política, ter uma candidata é um fato até curioso. Normalmente o voto da família é liderado pelo marido e cabe à mulher e aos filhos votarem juntamente com o pai. A mulher sempre foi a sombra amiga de todos os candidatos. Muitas vezes este preconceito deixou de render votos como no caso das ele-ições de 2002, quando em entrevista o candidato Ciro Go-mes respondeu que a função da esposa, a atriz Patrícia Pilar era apenas dormir com o candidato a Presidente. Uma bela grosseria pautada no preconceito feminino em relação à política brasileira respondida com a derrota de um candidato que se apresentava bem nas pesquisas.
Hoje, José Serra e Dilma Rousseff protagonizam a campanha presidencial, ambos rigorosamente empatados. Por outro lado corre a candidatura de Marina Silva, saída do PT por algumas desavenças e agora concorrendo pelo PV. Para crescer ela precisaria se desvincular do rótulo de partido verde e tomar a dianteira da luta como mulher, negra e comprometida com os temas atuais como: educação e as políticas sociais. Assim, percebe-se que o PSDB pretende cortejar Marina Silva com a esperança de que, no segundo turno, os seus votos recaiam para Serra e não à candidata do PT com que Marina Silva teve desavenças quando ambas eram ministras do Governo Lula. E assim segue a campanha eleitoral precisando aumentar o percentual devotos com a busca de mais um eleitor, assim como a Copa segue tentando mais um gol para eliminar o adversário e conseguir o título no futebol mundial. Há todo um jogo de interesses para o fim almejado, a vitória.
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