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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vida em Crônicas (63)

Lá vamos para meados de outubro, iniciado com o dia que reverencia os Santos Anjos da Guarda, o mês que homenageia a padroeira do Brasil, o mês escolhido pelo Presidente Venceslau Brás para lembrar das crianças brasileiras, que os afros dedicam a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e, por fim, data em que os professores são lembrado em sua vocação. E porque os professores são lembrados cabeme, aqui, expor as minhas lembranças e, como aluna que fui, quero homenagear a minha inesquecível professora.
Era o mês de fevereiro e, numa manhã ensolarada e morna foi o meu primeiro dia de aula. Tímida, segurando com força o caderno contra o peito, observei a alegria da criançada no pátio do Grupo Escolar Maria da Gloria Silva. Estavam vestida com uniformes azul e branco e, a maioria descalços. Algumas das meninas do segundo e do terceiro ano cantavam a ciranda em roda, e os meninos teimavam em arrebentar a roda forçando as mãos dadas das meninas. Lá no gabinete, o diretor, Seu Paschoal Elesbão Beretta conversava com as professoras. Só quando a Dona Zizi deu o sinal, os educadores se apresentaram para as crianças que já esperavam nas filas. Eram quatro filas de crianças e quatro professores. Minha professora do primeiro ano, a Dona Leonir, era uma moça esbelta, de cabelos claros e sorriso franco. Estava com um vestido acinturado com saia pregueada e usava sapato de saltos nesse dia de apresentação. Era jovem e bonita. Após a apresentação voltamos para casa e eu estava encantada pela possibilidade de estudar e, sobretudo de poder participar de um ambiente tão maravilhoso como era o grupo escolar.
Durante o ano letivo Dona Leonir foi dedicação e carinho por meninos e meninas que se esforçavam para aprender. Paciente e esforçada, quando alguns dos meninos não correspondiam a dedicação, ela rompia em choro e eu chorava junto a minha querida professora. Sofria ao vêla sofrer por meninos vadios e malcriados. Nunca esqueci como a ela lia as histórias infantis no final das aulas. A ênfase que dava à leitura nos prendia a atenção e não se ouvia um zumbido sequer. Ela passava da Chapeuzinho Vermelho ao Lobo Mau com modificação de voz que enriquecia e coloria com novas cores a cada vez que ela contava. Depois vinham as cantigas que ela nos ensinava, o capricho na letrinha que ela gostava que tivéssemos. Dona Leonir era a professora mais linda e mais perfeita aos meus olhos infantis. Foi a ela que eu dei o primeiro mimo no dia dos professores. Lembro que minha mãe comprou na venda do Seu Mário, próximo de casa. Meu irmão e eu lhe entregamos o pacotinho e recebemos um beijo macio e cheiroso do batom que ela estava usando. Naquele tempo o dia do professor ainda não era um feriado e os mimos eram dados na data original.
Sendo solteira, dona Leonir morava com uma das famílias da Mineração, e ela costumava convidar um dos alunos para fazer leituras em sua casa. Torcíamos para ser convidados e, algumas vezes tive o prazer de ler algum livro infantil enquanto ela fazia fatias douradas para a merenda. Parece que ainda sinto o cheiro da fatia de pão na gordura aquecida.
Obrigada dona Leonir por termos partilhado momentos tão fundamentais de minha formação profissional! Feliz Dia dos Professores, aos educadores de Içara!!!!!!

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