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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas em Crônicas (73)

O Natal se anuncia no ar: músicas natalinas conta-giam as pessoas que passam pela rua, as vitrines en-feitadas convidam-nas a entrar, as ruas iluminadas, os presentes enfileirados nas calçadas; tudo fala de Natal, o Natal comercial. Há um apelo ao natal dos presentes, da alegria de um final de ano, de um período de descanso no remanso de dias quentes refrescados pela brisa ma-rinha. É um típico natal urbano, o Natal do Papai Noel. Por outro lado somos chamados a celebrar o Natal, o Natal do Menino de Belém. Este chamado nos vem do convite da Igreja, que fala do Natalício do Menino, nascido em uma manjedoura numa noite fria de Belém da Judéia. Um Menino nascido em uma família de Nazaré e que viria para redimir ao mundo.
Mas apenas falar de um menino, que nasceu frágil e pobre em uma gruta de Belém não é a melhor forma de celebrarmos o Natal. Se falarmos de um Menino-Deus, precisamos penetrar além da terna presença de uma criancinha. Precisamos entender que Ele é o Filho de Deus, que veio para nos resgatar da morte e nos recon-duzir à casa do Pai. O menino é a solidariedade de Deus, enviado para nós na noite em que os pastores se ma-ravilharam com a beleza daquela noite natalícia. E essa cena nos reporta ao Evangelho de São João, 1,1-14: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. E a Palavra se fez carne e habitou entre nós”.
A Palavra não nos dá permissão para celebrarmos o Natal apenas como uma bela História, repleta da ternura de Deus. É preciso ir além da História, palpar as trans-formações de dois mil anos. Proclamar a chegada do Natal como um fato atual e pleno de graça. Sentir o Natal na espacialidade real, atemporal e, sobretudo iluminado na Palavra sempre contextualizada. Que as luzes que iluminam as praças, as ruas, os logradouros urbanos sejam vistas como Isaias a viu 9, 1-5: “o povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Porque nasceu para nós um menino”. Esta sim, a verdadeira luz do Natal do Menino-Deus. Palavras reforçadas novamente no prefácio da Epifania: “Revelastes, hoje, o mistério de vosso Filho como luz para iluminar todos os povos.” Luz visível para todos, quer no espaço urbano ou rural porque a luz ninguém poderá ocultá-la.
Além da noite natalícia, precisamos entender que o tempo do Natal se estende a outras celebrações signifi-cativas para a família cristã. A festa da Sagrada Família mostra o realismo escolhido por Deus para manifestar o amor à humanidade. O nascimento do Menino-Deus na família de Maria e José é plena da simplicidade hu-mana: trabalho humilde, anonimato, vivência fraterna.
A Família de Nazaré é o modelo de família humana, marcada na convivência do amor e da fraternidade. Há a obediência, a ajuda mútua, a expressão do afeto, o aconchego materno de Maria e a definição paterna de José na proteção e na providência diária.
A Epifania vem nos fazer refletir a celebração da manifestação do Menino de Belém aos Reis Mago. Os três Reis vêm de terras distantes para reverenciar ao Filho de Deus e, na sua condição humilde lhe oferecem Ouro, Incenso e Mirra. Ofertas que nos revelam o valor simbólico em sua essência pois, o ouro revela a Realeza daquele Menino, o Incenso a sua origem Divina e a Mirra, mistura aromática usada para preparar o corpo para a sepultura, revela o seu destino de Paixão e Morte.
Mas... para celebrarmos o Natal em sua plenitude, precisamos reconhecer o nascimento do Menino-Deus em nossa vida lembrando que o sinal da presença entre nós já foi dado: “um Menino nasceu para nós”. Podemos seguir esperando em Cristo, pois a vida se renova ao a-derir o projeto de Deus em nossa vida. A sua luz nos faz ver a necessidade da justiça, a urgência da caridade e a beleza da fraternidade. Que o Natal e todos os içarenses seja repleto das graças do Menino-Deus. Feliz Natal!!!!

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