A surpreendente história da mãe de sete filhos, sendo quatro com deficiência mental, que superou todos os limites da falta de condições financeiras e hoje, aos 81 anos, vê que tudo valeu a pena.
Ela mora em uma comunidade pequena e com pouca estrutura. Tem sete filhos, sendo quatro deficientes especiais, e ainda é cega de um dos olhos.
Por todos esses motivos, a ex-colhedora de carvão, Filomena Manoel Sebastião, teria motivos suficientes para encontrar falta de motivação em sua caminhada. Contudo, ao chegar à pequena residência, com aproximadamente 60 m² e que abriga mais de dez pessoas, a simpatia e a alegria de dona Filomena contagia toda a comunidade de Barra Velha, em Içara.
Apesar de ter quatro filhos com deficiência mental, Joanide, hoje com 60 anos, Jovelina, 58, Antônio, 55, e Laudelina, 51, a satisfação e o prazer que a aposentada tem em cuidar de cada um são suficientes para todo o bairro ter a certeza de que dona Filomena é o exemplo da figura materna que deveria ser seguido por todas as mães Brasil a fora. “Ela nunca deixa a peteca cair, está sempre cuidando dos filhos com todo o amor e mesmo assim está sempre de bem com a vida”, contou a presidente do clube da terceira idade da Barra Velha, Maria do Carmo Prudêncio.
Com a voz rouca e cansada, a dona de casa em nenhum momento demonstrou tristeza em suas declarações. Pelo contrário, é com alegria e satisfação que ela conta a trajetória da família. “Todos os meus filhos deficientes vieram ao mundo através de uma parteira. Depois que eles já estavam maiores que eu descobri o problema que tinham. Mas isso não foi motivo para desânimo, hoje eu os vejo como as minhas eternas crianças e é assim que todos, aqui, do bairro vêem a cada um”, contou dona Filomena, sempre de olho nas “crianças” para ver se estava tudo certo.
“Eu tenho orgulho dos meus filhos e nunca pensei em desistir deles. Penso que muitas mães são tristes porque tem os filhos nas drogas e largados no mundo. Os meus pelo menos estão aqui, debaixo dos meus olhos”, completou a mãe orgulhosa. No momento em que falava estas palavras, dona Filomena, por três vezes, desviou o olhar para trocar palavras com o neto, filho de uma das filhas, que é adotiva, e ajustar as mangas da camiseta de uma das filhas especial que passou em direção ao quintal da casa.
Mesmo já tendo seis filhos, a mãe de Tatiana, acolheu a moça, que certo dia apareceu em sua casa afirmando que ia abortar a criança que esperava. Dona Filomena e o filho mais velho, Astor Sebastião, adotaram a criança que atualmente é casada e deu três bonitos netos à família. “Meus netos vivem alegrando esta casa. Nossa família é unida apesar de todas as dificuldades financeiras que já enfrentamos”, contou orgulhosa.
A alegria da casa, segundo a “super-mãe”, é o filho mais velho. “O mais doente dessa casa é aquele ali”, contou apontando para o filho mais velho que é perfeitamente saudável. A explicação só veio depois de uma conversa com Austor, que mostrou que humor é o que não falta para levar alegria à família.
“Minha mãe vai direto para o céu. Com tanta bondade é difícil acreditar que o ‘inferno’, de fato, existe”, disse o filho mais velho, orgulhoso de fazer parte da família de Filomena Manoel Sebastião.
Fotos: Kelley Alves (Jornal Içarense)
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