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quarta-feira, 7 de abril de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas em Crônicas (36)

Juvenal sentiu o clima da situação entre os dois e lembrou-se das palavras do pai. Não foi à toa que José quis demover o filho da aposta. Só ele não havia enxergado o dilema em que se metera ao apostar com o pai da menina por quem nutria um secreto a-mor. Mas como já estava feito, não havia como retroceder. Assim procurou por Ritinha naquela noite, usando as sombras do anoitecer para proteger-se da ira do antigo amigo da família.
Mas não haviam trocado muitas palavras quando o pai assomou à porta e chamou Ritinha para casa. Ela, sempre obediente, entrou para casa e ele também foi andando em direção a sua residência. Lá chegando, falou aos pais sobre o ocorrido e o recado de Tião. O pai pensou um segundo e aconselhou-o: filho, não procures mais por Ritinha, tire-a do pensamento ou irás sofrer e fazê-la sofrer também. O compadre José está deveras estremecido conosco e ele nunca irá permitir o casamento de vocês.E se fugirem ele vai te judiar muito e isto não fará Ritinha feliz.
Juvenal então lhe respondeu que era bem mais fácil a Lagoa de Urussanga secar que ele esquecer Ritinha. Assim ouviu-se o suspiro de ambos e a conversa ficou suspensa, como se ficasse no ar. A noite passou e assim alguns dias caminharam do nascente ao poente. De Ritinha muito pouco ele soube. Apenas Tião lhe falava do pesar da sinhazinha que suspirava pelos cantos da casa enquanto o patrão lhe proibia até de sair à janela. Mas, tal não foi o espanto de Juvenal ao saber que José requisitou alguns carros de bois na vizinhança para ajudar na mudança. E em conversa com Tião, amigo e confidente, soube que o patrão estava partindo para Taió, uma localidade em povoamento no alto do Rio Blumenau.
José conversou com um mascate que lhe falou das terras devolutas que estavam sendo vendidas e até oferecidas para que houvesse o desenvolvimento naquela localidade. Ele então negociou logo a venda da propriedade e já se colocava a caminho do novo sítio adquirido. O sol ainda não havia nascido e os carros se puseram rente à soleira da porta da casa de José para a mudança. Neste momento Ritinha cortou as tranças dos cabelos e pediu que Tião fosse levar ao rapaz. Ele ao receber as tranças de Ritinha, lhe enviou o seu lenço de algibeira para retribuir o mimo.
Foi na verdade uma despedida dos enamorados... continua na próxima edição.

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