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quarta-feira, 5 de maio de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas em Crônicas (43)

Neste ano precisei ter um olhar mais direcionado a minha saúde. Como sempre fui saudável, fazia uso de certos cuidados com a saúde e as muitas receitinhas que nos são repassadas, sobretudo as receitas que nos acompanham em família.
E a vida ia seguindo, afinal a juventude é um aliado importante ao bem estar humano, mas depois dos quarenta, ai tudo vai a declinar e passamos aos achaques depois dos cinquenta. Mas... tudo bem!
Afinal a medicina está evoluída e tenho um plano de saúde que me proporciona acesso a alguns dos benefícios do novo século, com um retorno de cooparticipação mais suavizado. Fui a luta!
Minha primeira comparação foi com a clínica onde realizei a minha consulta. As meninas muito atenciosas e tudo tão imaculadamente branco e limpo que demonstrava o compromisso com a saúde. Lembrei-me então de minha primeira consulta médica no posto de saúde com o competente médico Raimundo Perez. Ao ver minha mãe com os cinco filhos em consulta, todos com o mesmo número, ele fez o mesmo diagnóstico dizendo-nos ser verminose pois minha mãe queixou-se que tínhamos inapetência e outros sintomas que estavam retratados, em nós e em todas as crianças daquela época que brincava de pés descalços e tomava água em qualquer nascente.
Então ele nos receitou os terríveis comprimidos vermífugos seguidos de um intervalo de sete dias para iniciar com o fortificante, o famoso biotônico, aquele mesmo que Monteiro Lobato, na literatura brasileira, fez a propaganda ilustrativa com o Jeca Tatu. E desse tempo em diante, nunca mais houve consulta médica para nós.
De lá para cá, muita coisa aconteceu em meu município. Onde funcionava com todos os atendimentos da época (e gratuitamente) o posto de saúde, há uma clínica ginecológica (particular) com um casal de bons médicos. Ele, Geraldo da Silva prestou atendimento pelo SUS e FUNRURAL por décadas a várias mães que, agradecidas, deram o nome de Geraldo aos seus bebês. Era o reconhecimento pela dedicação e carinho que o médico recém-formado dispensou a população içarense, sobretudo a população mais carente.
Até então a única gratuidade dirigida às mulheres era o atendimento do exame ginecológico preventivo, trazido pela perseverança de Terezinha Sampaio Gastaldon e continuada por várias içarenses abnegadas. O jaleco corderosa da Rede Feminina de Combate ao Câncer é o símbolo do trabalho voluntário em prol da saúde da mulher içarense.
Mas como o meu plano me dá certas possibilidades, procurei o laboratório da UNIMED para os exames. Onde morava o seu Érico Possamai com a sua família, funciona atualmente o laboratório. Há um atendimento especial e tive a grata surpresa em saber que o meu exame seria apenas coletado ali. O exame final seria feito na Espanha. Calculei o tempo do Voo até a Europa e confesso que fiquei com um pouquinho de vontade de voar junto. Mas tudo bem, afinal voltaria o resultado em quinze dias e neste tempo eu ficaria esperando para o retorno. Afinal, mesmo com o plano da UNIMED eu precisei esperar onze meses para a consulta com o endocrinologista e, feito os exames estou a esperar mais dois meses pelo retorno. Até lá, vive-se porque Deus quer. Era assim que acontecia antigamente. Antes de mim muitos viveram e muitos morreram e o diagnóstico era: morreu porque estava na hora, porque Deus precisava dele mais que todos aqui da terra. Eram tão boas palavras, havia quem se sentisse dando um prêmio a Deus. Hoje, se não fizermos tantos exames e tantas consultas nos dirão com certeza: morreu porque não quis gastar, não cuidou da saúde; que mão-de-vaca! E assim marcha a humanidade. Mas enquanto isso vai se desenvolvendo a assistência médica no município, e as coisa passadas ficam como um mote para a reflexão do ontem e do hoje.

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