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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Jonas IGNÁCIO


Belezas da
Cidade Mel


A cidade onde vivo é um berço de culturas, costumes di-versos e belezas inigualáveis. Da nossa terra pura, doce e amendoada nascem os frutos valorosos, alimentados no seio caloroso de Içara. As pessoas vivem saciadas e ditosas aqui, na união da boa terra, no ventre quente de amor.
O lugar onde vivo é alegre e luminoso, cheio de pássaros admirados pelo belíssimo canto, árvores e flores de todos os tipos, tons e formas. Aqui conversas amigáveis desenrolam-se em lugares inusitados e cotidianos: nos bares de esquina agitados pelo forte aroma do álcool, nas lavouras imensas que sustentam muitas famílias, nos ban-quinhos das praças cimentados, no frenesi das filas de ônibus e também nos deliciosos e revigorantes passeios matinais.
A bola corre solta por aqui, seja menino ou seja menina, todos jogam com a mesma destreza sem nenhuma distinção. O futebol, seja em campinho de areia seja em gramado, é paixão das nossas crianças. Vê-las correndo, dando sangue e suor pela posse da bola de gomos é indescritível. A poeira cintilante levantada pela paixão a esse objetivo e pela ânsia de conquistas pulsa firme nos frágeis corações, e, de grão em grão, de sonho em sonho, decai lentamente no colo da irmã areia, que ninam seu suor e suas lágrimas em seus doces e carinhosos sulcos. No fim da partida as crianças estão com a pele em pasta pela combinação de terra e suor, seus cabelos sujos e emaranhados em contraste com o vento afeiçoam seus rostinhos, mas mesmo sujas é notável a alegria que não se abala. E assim elas retornam para seus lares, na tarde vermelha, ofegantes e decididas, olhos brilhantes e um sorriso no rosto, leve e delicado.
Quando amanhece e a brisa da noite se extingue o trem aparece e felicita os moradores com seu apito ensurdecedor e melodioso. As pessoas, já fora do aconchego da cama, observam-no e com ele brindam o nascer de mais um lindo sol. A fumaça brumosa deixada pelo trem flutua levemente até pender graciosa nos trilhos cor de mel. O café neste momento ferve e borbulha, quente e úmido c-mo nossos corações ávidos por amor.
O suor dos dias de trabalho nas lavouras de cereais, fu-mo e leguminosas escorrega da face cansada e penetra com suavidade no solo, metamorfoseando-se lentamente no mel puro que existe só aqui. Neste lugar de encantamentos, belezas e terna magia. Rotulada, a cidade mais doce do Brasil.
Um dia, quem sabe, lá no futuro, quando tudo estiver completamente mudado e o cheiro das terras de minha Içara já escaparem a mim, possa-se olhar para tudo isso e sentir grandes e vãs saudades.
Queira a Deus que lágrimas quentes desçam dos meus olhos e salguem minha face, para que eu me recorde que nada disso foi mera ilusão. As lágrimas serão as únicas lembranças do mel puro e da terra doce, nascidas no seio da mãe Içara que me acalentava e afagava meus medos e inseguranças da minha pobre e frágil inocência...

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