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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
COLUNISTA - Elza de Mello
Nuances de Vidas em Crônicas (74)
Estamos em contagem regressiva para a chegada de um novo ano. E a cada novo ano abre-se um questiona-mento sobre os auspícios de um novo tempo, um novo ciclo marcado em nosso calendário, e vivido por cada indivíduo. Os números que marcam o ano são sempre interpretados em todas as culturas, desde os tempos mais remotos. Mesmo não sendo adeptos ao ocultismo, falar sobre as previsões recorrentes aos números é sem-pre fascinante. E como estamos saindo de 2010, que si-gnifica o sentido da totalidade, da conclusão para en-trar em 2011, vale a pena falar um pouquinho do que representa o número 11.
Sabemos que a interpretação do número é uma das mais antigas entre as ciências simbólicas. E, segundo São Martinho: “os números são os invólucros invisí-veis dos seres”. Nesse sentido, ele afirma que os núme-ros regulam não só a harmonia física e as leis vitais, es-paciais e temporais, mas também as relações com o princípio coeternos com a verdade. São então idéias, qualidades e não simplesmente quantidades. Ou seja. A geometria não se aplica às quantidades espaciais, mas à harmonia das formas; a astronomia não estuda somente as distâncias, os pesos ou as temperaturas, mas também os ritmos do universo. As próprias cri-aturas são números enquanto manifestações do Prin-cípio Uno.
Para falar do número onze, número que identifica o próximo ciclo dos 365 dias que viveremos, quero es-clarecer, de antemão, que não estou a falar de outros (11) que simbolizam signos ou siglas das sociedades atuais. Falo apenas do ano 2011.
O número onze é, particularmente, sagrado nas tra-dições esotéricas africanas, e está relacionado com os mistérios da fecundidade. Assim, conta-se o homem com nove aberturas e a mulher mãe com onze abertu-ras. Diz-se também que o esperma é capaz de levar até onze dias para a fecundação do óvulo materno. Nessa tradição, o 11 é tomado num sentido favorável que conduz à renovação dos ciclos vitais.
Em outras áreas culturais há uma contradição à cul-tura africana. Acrescentando-se a plenitude do número 10, que simboliza um ciclo completo, a dezena, o 11 é o signo do excesso, da desmesura, do transbordamento, seja de que espécie for. Este número anuncia um conflito virtual porque o excesso que ele significa pode ser considerado como o começo de uma renovação ou co-mo uma ruptura,uma deterioração do número dez, uma falha no universo. Assim, Agostinho fala de que o número 11 ´”é o brasão do pecado” pois a sua ação perturbadora pode ser concebida como um desdo-bramento hipertrófico e desequilibrado de um dos elementos constitutivos do universo (10): determi-nando a desordem, a doença, o erro.
De modo geral, este número é o da iniciativa indivi-dual mas, quando esta se exerce sem levar em conta a harmonia cósmica, tem um aspecto desfavorável. O onze é o símbolo da luta interior, da dissonância, da rebelião, do extravio, da transgressão da lei, do pecado humano, da revolta dos anjos. Assim, o número 11 que parece certamente ser uma chave da Divina Comédia, tira também seu simbolismo da conjunção dos números 5 e 6 que representam o microcosmos e o macrocosmos, ou seja, o Céu e a Terra.
Na cultura Bambara, o 11 é o símbolo de discussão e de conflito. A décima primeira etapa de sua gênese é a da rebelião do deus do ar Teliko contra a autoridade de Faro, deus da água, organizador do mundo.
Seja como for, vamos receber o ano 2011 cheios de energia e dando as boas vindas para que mais um ciclo se estenda com suas fases lunares, estações do ano e, sobretudo, com muita harmonia e fraternidade entre nossa terra e nossa gente.
Um abraço fraterno e um feliz Ano Novo a todos os içarenses, é o nosso desejo maior.
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