Para quem conhece com profundidade a história içarense, sabe que o mês de julho é uma data importante. É a data em que o território, que hoje integra o município, foi doado em sesmaria, e teve o primeiro documento limitado pelo Rio Oroçanga (Urussanga) até a Barra Velha. A data não deixa dúvida de que é Oroçanga um território habitado por açorianos, pois é uma das sesmarias destinadas ao contingente açoriano embarcado ao Brasil ainda no século 18, e anterior a outras imigrações no sul de Santa Catarina.
Açores, um território insular, marcado pela diversidade cultural, povoado por vários povos, trouxe ao sul meridional u-ma bagagem cultural também diversificada. A descoberta do Arquipélago dos Açores, segundo historiadores veio a verificar-se a partir de 1427, de ilha para ilha, e concluído em 1452, com a chegada às ilhas mais ocidentais, somando as nove ilhas. Nas que estavam desabitadas e nunca foram encontrados vestígios de uma ocupação humana pré-portuguesa. O povoamento só se iniciou por volta de 1443/1445, como apoio logístico às navegações à vela.
Portanto, Açores contava com uma colonização de três séculos quando enviou famílias para co-lonizarem nosso território. E foi num espaço físico totalmente di-ferente daquele em que viviam, que homens e mulheres insulares passaram a viver, e explorar uma economia viável a sua existência. Além de povoarem e colonizarem, o açoriano serviu para a conquista do sul catarinense e o território riograndense para a Coroa portuguesa. As Famílias açorianas lançaram sobre as comunidades a força das crenças, fé, trabalho e o aspecto físico impregnado na geografia humana.
Os imigrantes que povoaram o território lagunense, e por extensão o território içarense eram de procedência do grupo central, composta de cinco ilhas: Terceira, São Jorge, Pico, Faial e Graciosa. Povoadas na segunda metade do século 15, por famílias flamengas, portuguesas da região norte e da periferia de Lisboa, judeus, espanhóis, alemães e franceses. Se observarmos os sobrenomes das famílias que colonizaram Içara, podemos ver a procedência com franceses, espanhóis, ale-mães, e desconhecermos que a procedência é apenas açoriana. Não tem como, por exemplo, um Goulart em Içara afirmar de ter vindo da França, mas sim dos Açores. Foram primeiramente colonizadores de Açores, em es-pecial do Faial, depois passaram para o Brasil e para outros países segundo a diáspora humana. Mas o importante, quando falamos em povo, é nos sentirmos içarenses. Se fomos plantados aqui, é aqui que devemos florescer. Não se deixa um país sem um motivo muito forte. Para os açorianos, os abalos de terra, os cataclismos vulcânicos foram a razão de sua saída para o Brasil.
Até a próxima edição onde daremos prosseguimento deste assunto. Até...
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