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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

COLUNISTA - Élza de MELLO: Nuances de vidas em crônicas (Parte 9)

E então passou por mim a imagem de um tempo em que a Rua Marcos Rovaris, a única com calçamento, era o cenário dos desfiles do Sete de Setembro, das procissões das festas da Matriz, em especial a procissão de Corpus Christi; onde as janelas dos sobrados eram enfeitadas com as colchas bordadas ou estampadas, próprias para a ocasião. E mais impressionante, parecia que estava vendo a barbearia em pleno funcionamento.

Seu Lila veio de Jaguaruna para armar engenhos e o filho, o pequeno Bona era o coroinha na igreja do povoado. Depois, com a emancipação do Distrito da Vila de Içara para município, Bonifácio serviu no governo municipal por várias administrações, e sempre complementando a economia com a barbearia. Mas a predileção maior da vida foi a regência do Coral de Içara. Por décadas consecutivas Bona regeu (e ainda rege) o coral, com voz e coração. Não houve cansaço, estresse ou picuinhas partidárias que lhe afastasse do seu amor pelo canto coral. Se houve, como sempre há, as dores causadas pela injustiça administrativa municipal, Bona não usou como justificativa para a desestrutura do que fundamentou com talento e perseverança. Estava eu em meus pensamentos quando a Rian perguntou: - quer conhecer a sala da Casa do Escritor Içarense, Dona Elza? Eu automaticamente respondi: não precisa, eu já a conheço. Ela é uma página das mais ilustradas da história de nossa terra e de nossa gente.

A moça me devolveu um sorriso generoso, enquanto oferecia algo da pequena e aromada lanchonete. Então retomei ao seu agrado dizendo que, certamente estaríamos muitas vezes naquela sala, e saboreando o delicioso cafezinho que espalhava um aroma convidativo pela rua movimentada com as ofertas das lojas, naquele meia tarde ensolarada. Agradeci e voltei para a rua com a convicção de que as coisas não acontecem por mera coincidência. A sala quer ganhar vida como ganhou o texto escrito por Seu Lila sobre as desavenças pelo padroeiro São Donato. Escrever é preciso, pois é o registro da posteridade.

Nuances de vidas em crônicas (Parte 1)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 2)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 3)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 4)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 5)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 6)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 7)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 8)
Nuances de vidas em crônicas (Parte 9)

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