O dia de domingo amanheceu convidativo para um passeio pelas cercanias de minha bela e querida Içara. Voltava da capela Santa Rosa de Lima, na comunidade em Sanga Funda, onde resido e meu marido me propôs uma ida até a casa de praia, em Campo Bom, Jaguaruna. Concordei. Improvisamos um almoço e embarcamos para o passeio. Passeios assim é uma das alegrias com a qual me presenteio, pois é uma forma de conferir as mudanças geopolítica de nossa ter-ra e cumprimentar as pessoas que me dão alento as minhas pesquisas.
Passamos pelo povoado de Pedreiras e comentamos sobre o crescimento do bairro. Não faz tanto tempo que a estrada hoje pavimentada e denominada SC444 era uma faixa areienta descendo da imensa lomba, conforme as pessoas da época denominavam-na de Lomba Pedreira.
Até hoje não souberam me explicar porque Lomba Pedreira se não existia uma única pedra naquela sequência de morros. Apenas uma argila avermelhada, que tão logo foi retirada para a pavimentação das estradas, sustentava as lombas. Mas o nome colou e hoje denomina a localidade em sequência, Lombas.
Bem, o fato é que íamos a caminho da praia e, como sempre, gosto de relembrar velhos caminhos refazendo a memória de quatro décadas passadas. Assim chegamos ao trevo e entramos a caminho de Urussanga Velha, tomando a Rua vital Daniel Brocca. Avistei a morada que pertenceu à família de Hildebrando da Luz, focando as recordações de meu pai, por ser anteriormente ali que residia a Didinha Alexandrina Silveira, sua avó materna. Os meus tios mais velhos: David e Lucas vinham quase que diariamente a casa da avó, atravessando os campos das lombas. E a Didinha e as tias: Aníbia, Maria, Cândida, estavam sempre esperando pela visita dos meninos, com as latas de biscoitos, as açordas, ou os caramelos caseiros. Depois, com o casamento das filhas e com a mudança da avó para a Mineração de Içara (Bairro Aurora), acompanhando o filho, Oriate Silveira, a morada passou para Hildebrando da Luz. Os meninos: Dory, Lauri, Auri, entre outros irmãos e irmãs, acompanhavam os pais na faina diária. Ali o casal, Hildebrando e Olina viveram até o fim da vida. Tiveram como vizinhos o casal Gervásio Fernandes e Bilica. Comerciante e político, ele foi um vizinho sempre presente aos eventos comunitários, até a a retirada para Criciúma, ocupando um cargo na prefeitura municipal. Atualmente Salmir Fernandes regressou ao Centro de Içara com uma revendedora de veículos, refazendo alguns passos do atuante avô junto ao Distrito de São Sebastião de Urussanga Velha. Ainda é possível avistar a casa antiga, ainda que remodelada, onde a família de Gervásio residia, tendo ao lado, um pé de jasmim açoriano. Outras famílias moraram e por último morou José Moares, com a esposa, Edite. Entre as duas moradas, a casa de Doro Lino que tinha aos fundos o engenho de farinha de mandioca. Seu Doro e Dona Custódia, tinham uma grande família e uma casa cheia de risos e de vida. Quantas saudades!
Em poucos segundos alcançamos o caminho de Urussanga Velha, e atravessamos a ponte sobre o rio Urussanga Velha. É a divisa entre Içara e Jaguaruna. Neste ponto ficava a morada de Remídio e Francisco do Canto. Depois residiu o professor Salustiano Cabreira, com a casa quase escondida por um imenso pomar onde o cafezal crescia e produzia as floradas alvas, para em seguida vermelhar de frutos. Hoje há apenas os resquícios de moradas. A Capela de São Sebastião, situada no outeiro, acena para tempos de movimentação e ciclos de economias passadas. O povoado está tão pequeno que parece estar desaparecendo.
Dona Olívia, nonagenária, guarda as mais antigas histórias e recordações do lugar, cercada pelos filhos e netos quando a visitam. Seu Pedro Felipe e esposa ainda permanecem no lugar, porém ele trabalhando diariamente no Balneário Rincão. Parece querer parar o tempo para não esquecer de que foi um abastado comerciante no lugar, e um representante político, vereador por sucessivos pleitos eleitorais.
O lugar parece estar adormecido e os moradores precisam sair para estudar, para trabalhar, para tomar tento da vida. Só a lagoa com as suas águas demarcadas pelos três cantos, parecia estar a vontade desaguando junto às águas do rio Urussanga em passagem para a Barra do Torneiro. Parece que o tempo não passou por ali.
Nuances de vidas em crônicas (Parte 1)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 2)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 3)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 4)
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Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 6)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 7)
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