Continuando o assunto da semana passada. Juntamo-nos a família, acolhidos pela dona Ana e o marido, Bento Patrício Réus. O casal sempre muito acolhedor, solícito e de bem com a vida de octogenários. E ali, entre morros e vales, a celebração dirigida por um sacerdote riograndense, por pertencer àquela Diocese, foi celebrada em ação de graças pela vida matrimonial e a sublimação do amor existente entre o casal, refletindo-se em uma família linda, composta de filhos, noras, genro e netos. Os filhos lhes fizeram uma homenagem emocionante e não menos emocionante foi a homenagem dos netos. Seu Aniceto e Dona Edy comprovavam a razão de ser um casal tão feliz.
Estavam cercados por familiares, amigos, entre eles os agregados e empregados das lidas, e também pela figura que representou tanto na sua fé para vencer as dificuldades que a vida em um lugar inóspito lhes apresentou por diversas vezes, o padre Mariano. Amigo do casal, o sacerdote, já jubilado, diz ter acompanhado a trajetória de vida da família, e presenciado o amor que se estendeu em todos os sentidos, e em todos os tempos de luta e de reconhecimento da família. Segundo ele, um casal heróico dos tempos atuais.
Um fato marcante no encontro festivo foi quando a Dona Edy apresentou a costureira, que lhe confeccionou o vestido de noiva e, também lhe arrumou para o grande dia de sua vida.
Estava também presente a daminha, filha da costureira. A daminha, menina mimosa daquele tempo, amparava a mãe que precisava de um bastão para ajudar nos passos vacilantes que a doença lhe exigia. Porém, a alegria em estarem ali, costureira e daminha, era visível para elas e para a Dona Edy.
Ali mesmo, no santuário e no salão de festas, construído e zelado por Seu Aniceto, ele falou sobre o encontro, namoro, compromisso e renovação de cada passo da vida matrimonial, sempre reforçado pela esposa. Os filhos confirmavam as palavras e as emoções dos pais com as presenças, ressaltadas pela alegria de estarem juntos.
Mas, Seu Aniceto, buscando nuances de vidas e de tempos passados revelou a dor ao ter de sair da Terra Natal, de ter de ficar tão longe de Sanga Funda, e então um dos primos o consolava, ainda na ida em mudança.
Era mocinho e já tinha sonhos formulados para o futuro, como todo jovem da época. E o engraçado é que o consolo do primo e amigo, foi como que uma profecia. Ele lhe falava da menina que chegara de mudança, da localidade de Cambará, e que era muito graciosa. Certamente ele iria gostar de conhecê-la. E tal revelação tornou-se realidade para ambos, depois de um namoro veio o compromisso matrimonial e a formação de uma família sonhadora, inovadora e comprometida em todas as ações, especialmente reconhecida com as dádivas divinas. Foi encantador ver o filho mais velho falar da fé que nutria a vida dos pais, capaz de vencer doenças com tão poucos recursos, de festejar cada aniversário dos filhos com a presença das crianças da vizinhança, de partilhar a mesa com todas as pessoas que conviviam. Era uma generosidade autêntica, razão para que os filhos os admirem muito e buscam imitá-los em suas vidas.
Não mais feliz estávamos nós, içarenses convidados pela amizade, mas nos tornando testemunhas de uma celebração de vida, amor, fé e reconhecimento. E, ainda que buscássemos, cada um de nós, nuances de fatos, de feitos e semblantes de pessoas que a diáspora espalhou por diferentes lugares da nossa região, estávamos congregados pela amizade que une e aproxima nossa gente, e estreita as lonjuras de nossa terra.
Parabéns ao casal e aos os familiares de Edy e Aniceto! Como é bom ser família, ainda que estejamos distantes a muitas gerações!
Nuances de vidas em crônicas (Parte 1)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 2)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 3)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 4)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 5)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 6)
Nuances de vidas em crônicas (Parte 7)
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