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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

COLUNISTA - Élza de MELLO: Nuances de vidas em crônicas (Parte 10)

Na vida agitada dos tempos atuais, os dias passam com tão apressadamente que quando nos damos conta, o hoje está virando a página para o ontem. Tudo parece acelerado e os meses se sucedem numa rapidez incrível. Não é à toa que os usos e a moda se tornem obsoletos tão rapidamente.

E assim quando me dei conta, o mês de agosto nos aponta que o dia 22, dia nacional do folclore já é passa-do, e nos convida a refletir sobre a importância na cultura de um povo. Vale a pena refletir a memória popular para entender onde e porque o folclore está inserido em determinadas localidades e regiões, especialmente em nosso município.

Em Içara, o folclore popular é farto de lendas, e as localidades são conhecedoras desta tradição antiga. Quase todas as lendas içarenses estão mescladas de superstições e de um certo misticismo.

Assim, no geral os seres mitológicos estão presentes, e são combatidos com diversas simpatias para a-menizar os sintomas do malefício ou o medo do pessoal. Seres fadados pelo destino e sofrendo o preconceito do povo que o conhece e sabe de sua triste sina.

E como não fugimos à regra das superstições, o mês de agosto é o mês mais escuro e nebuloso nas regiões das lagoas. O frio intenso faz com que as pessoas durmam mais cedo e acordem mais tarde. Especialmente, as pessoas nas localidades litorâneas que, habitualmente, levantam mais cedo para a labuta cotidiana. E entre brumas e escuridão nos campos e vales, surgem as histórias com personagens do imaginário popular. Há sempre um contador de lenda folclórica em qualquer localidade que possamos visitar. Há uma riqueza de causos e lendas entre o iça-rense em sua diversidade cultural.

Mas, para ilustrar a página de hoje, eu trago uma história acontecida em nossa terra, e com nossa gente, hoje registrada na obra: As Raízes do Saber Popular: os ritos, os mitos e o folclore.

A FADA MÃE DO OURO
Era uma noite qualquer. Ele levantou e atravessou o engenho. Abriu a porta que dava para o sul, e qual não foi o seu espanto ao ver uma mulher, ricamente vestida. Seu vestido branco resplandecia na claridade da lua, parecia ser bordado de fios de ouro e prata. Sua cabeça estava coberta por um manto que descia e acompanhava o vestido até a cintura.

A jovem, parecia contem-plativa. Estava parada debaixo da velha laranjeira, e parecia olhar à distância não dando pela presença do homem, que deslumbrado a observava.

Durante algum tempo ele ficou inerte, temendo despertá-la do devaneio. Depois se decidiu e pensou chamar a esposa, para que ela também visse tão linda aparência. Então virou para dentro de casa e chamou:

- Velha, venha até aqui. Ligeiro!

Em seguida voltou-se para onde estava a estranha mulher, e qual não foi o seu espanto ao ver que ela havia sumido. Um arrepio gélido lhe passou pela epiderme, e quando a esposa chegou até onde estava a imagem ela não viu mais nada.

Intrigado o homem ainda procurou ali por perto. Depois, aconselhado pela companheira, voltou para o quarto e ficou a ouvir a esposa em orações, temendo que a aparição fosse uma alma penada. Ele, por sua vez, pensava que uma imagem tão linda só poderia ser de uma fada ou de uma santa, uma alma pura e de lugar sagrado. Apenas o vizinho recordou-lhe que a Mãe do Ouro poderia tomar a forma de uma mulher e aparecer com todas as belezas de seu tesouro. E mais uma vez ele argumentou:

- Querem dar-te dinheiro homem de Deus. Deves cortar o teu dedo para que ela te entregue de uma vez o tesouro!

Será!!! Era uma vez ...

Nuances de vidas em crônicas (Parte 1)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 2)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 3)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 4)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 5)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 6)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 7)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 8)
Nuances de Vidas em Crônicas (Parte 9)
Nuances de vidas em crônicas (Parte 10)

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