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terça-feira, 14 de setembro de 2010

De olhovivo no Mundo

Meninos são alvo de abuso sexual em dança afegã

As mulheres no Afeganistão são proibidas de dançar em público, mas garotos são obrigados a dançar vestidos de mulher, e muitas vezes sofrem abuso sexual. Em uma festa de casamento em um vilarejo remoto no norte do país, após a meia-noite, não há sinais dos noivos, nem de mulheres, apenas homens. Alguns deles estão armados, alguns tomam drogas. A atenção de quase todos está sobre um garoto de 15 anos, que dança para o grupo em um vestido longo e brilhante, com a face coberta por um véu vermelho.Ele usa seios postiços e sinos presos aos calcanhares. Um dos homens oferece a ele algumas notas de dólar americano, que ele pega com os dentes.
Esta é uma tradição antiga, chamada bachabaze, que significa literalmente “brincando com garotos”. O mais perturbador é o que acontece após as festas. Com frequência, os meninos são levados a hotéis e sofrem abusos sexuais. Os homens responsáveis pela prática são comumente ricos e poderosos. Alguns deles mantêm vários bachas (meninos) e os usam como um símbolo de status, como uma demonstração da riqueza. Os meninos, alguns deles ainda préadolescentes, são normalmente órfãos de famílias muito pobres.
Omid (nome fictício) tem 15 anos. O pai morreu trabalhando no campo, ao pisar sobre uma mina. Como filho mais velho, ele é responsável por cuidar da mãe, que mendiga pelas ruas, e de dois irmãos mais jovens. Começou a dançar em festas de casamento quando eu tinha 10 anos, quando o pai morreu. Ele e a família estavam passando fome, então não teve escolha. Às vezes tem que dormir de estômago vazio. Quando danço em festas, ganha cerca de US$ 2 ou um pouco de arroz.
Questionado sobre o que acontece quando as pessoas o levam aos hotéis, ele baixa a cabeça e faz uma longa pausa antes de responder. Omid diz que recebe cerca de US$ 2 pela noite, e que às vezes sofre abusos sexuais de vários homens. Ele diz que não pode recorrer à polícia por ajuda.
Poucas foram as tentativas das autoridades locais de combater a tradição do bachabaze que é milenar e continua em crescimento.Os garotos dançarinos são recrutados ainda bem jovens por homens que passeiam pelas ruas procurando garotos afeminados entre grupos pobres e vulneráveis. Eles normalmente oferecem dinheiro e comida a eles. A Comissão Independente de Direitos Humanos, em Cabul, é uma das poucas organizações que tentou combater a prática do bachabaze, mas sem muito resultado contra a cultura afegã.

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