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terça-feira, 7 de abril de 2009

COLUNISTA - Walterney RÉUS: Comentando o comentarista

Comentarista é uma figura engraçada. Até hoje não entendi bem qual o sentido desse mar de comentaristas que pululam nos meios de comunicação. Tem comentarista político, pomposamente chamado de “analista” (deve ser para fazer trocadilho com o fato de a política ser uma loucura); tem os fabulosos comentaristas econômicos, advertindo que quando a economia está retraída a melhor coisa a fazer é economizar; tem, ainda, os comentaristas esportivos (desde comentarista de boliche até o suprasumo, o deificado comentarista de futebol... a matriz do comentarismo).

O comentarista é uma figura folclórica e absolutamente desnecessária porquanto ele comenta o passado (toda vez que um comentarista embesta a fazer previsões ou projetar uma solução, ele expõe a incompetência vulgar, se mostra como é, um simples mortal, um reles palpiteiro de boteco).

Você já percebeu, leitora, que os comentaristas fogem de uma previsão como o diabo foge da cruz? Você já notou, leitor, que o comentarista de futebol, quando tem a honra de ser escutado e a escalação que ele sempre defendeu finalmente entra em campo e leva uma surra, ele sai a dizer que naquele dia o meia de ligação não jogou como ele esperava, que estava chovendo muito, que fazia um sol de torrar? Estou começando a ter ojeriza de comentaristas, por sua absoluta inutilidade, futilidade.

Dos comentaristas políticos, porque comentam que partidos estão coligando e a previsão é para 2010 este coligar com aquele, contribuindo, tais comentaristas, para manter a política na sarjeta ideológica em que se encontra (é a pauta fofoqueira que lhes interessa).

Dos comentaristas econômicos, porque alardeiam uma crise que, pilantrinhas, nunca previram. Alguém aí lembra de essa turma estar em concílio e emitir documento, bula, advertindo a humanidade que a orgia financeira promovida pelos loirinhos de olhos azuis estava prestes a cobrar o preço mais alto da história econômica? Não, a caterva só tratava de dizer que o mundo financeiro estava uma maravilha.

Dos comentaristas esportivos, leia-se os futebolistas, estes são a síntese da inutilidade. O maior exemplo de que a esmagadora maioria sequer se dá ao trabalho de entender de futebol, está na abertura de comentários feitos depois da derrota do Criciúma para o Avaí por dois a um.

Bom, como todo mundo sabe, o Criciúma tomou o primeiro gol logo aos três minutos de jogo, empatou aos trinta e sete do segundo tempo e tomou o segundo gol, numa falha do goleiro, aos quarenta e um minutos do segundo tempo. Aí, os gênios comentaristas, que parece terem um interesse mórbido em limitar os comentários ao técnico do time, ou seja, a falar mal do treinador, largaram essa: “Também, um time que sai escalado para se defender, só pode perder mesmo. De que adiantou ir escalado para se defender. A tática não deu certo!”

Madresita, ou isso é ignorância ou é má fé. Ninguém pode por culpa em esquema tático num time que toma gol aos três minutos. Com três minutos de jogo não tem análise de esquema tático. Pior, quando o time toma o segundo gol no fim do jogo com falha do goleiro. Então, o que temos, no frigir dos ovos, é o de sempre. Uma conversa de boteco travestida de “comentários elucidativos emitidos por autoridades no assunto”.

Agora lembrei que uma vez, um grande comentarista de futebol, lá no Rio de Janeiro, resolveu se aventurar como técnico do Flamengo. Era o Apolinho.

Levou um vareio, perdeu tanto, levou tanto pau, que não conseguiu nem achar o carro no estacionamento para ir embora.

Comentarista é assim... que nem sogra colada no cangote da nora ensinando a fazer a “abobrinha” que só ela, sogra, sabe fazer para o filhote, ou então, que nem cunhado, grudado nas costas da gente, dizendo como se instala um armário, enquanto ele está com a cerveja na mão.

Até a próxima semana.

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