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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello

Nuances de Vidas
em Crônicas (27)


Nas lembranças estavam presentes as pessoas simples, risonhas e sonhadoras que povoaram a minha infância. Os vizinhos do cenário da vida daquela comunidade: Seu Zé Candinha, João Lucas, Alfredo Vila Nova, Manoel Magé, Otávio Inocêncio, Ermínio, Gentil, esposas e filhos. À frente havia os morros com os capões e as roças. Nos fundos, a lagoa com as águas calma e azu-lada. A rotina diária era iniciada antes de dia clarear. A neblina difusa do amanhecer os convidava para iniciar a batalha da luta diária nas roças, ou nos engenhos de farinha. E eram os engenhos, o espaço mais prazeroso da convivência comunitária. Não parecia que era um trabalho tão árduo, com madrugadas congeladas e noites altas em serão. A labuta não tirava o lugar das cantorias, das galhofas, ou das longas histórias que a mitologia local construía e explicava, conforme a necessidade.
Era uma vida cheia de signos e de significados. E assim, pensando nas pessoas que se fizeram personagens das minhas recordações, lembrei-me de como Augusto Cury procurou explicar a felicidade. Repasso a você, leitor, para que possamos entender porque o homem pretende viver a felicidade e não consegue conquistá-la. Assim ele descreve:
Os poderosos tentando dominar a felicidade, cercaram-na com seus exércitos, encurralaram-na com armas e pressionaram-na com suas vitórias mas a felicidade os deixou atônitos, pois não puderam controlá-la. Os magnatas tentaram entender a felicidade pesquisando-a. Fizeram estatísticas mas ela os confundiu dizendo: a lógica numérica jamais compreenderá a emoção. Perturbados, descobriram que o mundo da emoção é indecifrável pelo mundo das ideias. Os intelectuais buscaram a felicidade nos livros de filosofia, mas não a encontraram. E isto porque há muito mais mistério entre a emoção e a razão do que jamais sonhou a mente dos filósofos. Os famosos também tentaram seduzir a felicidade. Ofereceram em troca dela os aplausos, os autógrafos, o assédio da TV. Mas ela os golpeou dizendo: - escondo-me no cerne das coisas simples. Rejeitando o seu recado, muitos não trabalharam bem a fama. Então perderam a singeleza da vida, se angustiaram e viveram a pior solidão; sentiram-se só no meio da multidão.
E Augusto conclui a pequena história filosófica justificando: Muitos falharam na conquista à felicidade porque quiseram o perfume das flores, mas não quiseram sujar suas mão para cultivá-las; porque quiseram um lugar no pódio mas desprezaram a labuta dos treinos.
E parodiando Augusto Cury, meus personagens de infância foram capazes de erguer os olhos e enxergar o belo em um ambiente de areias e vegetações, características de um solo de faixa litorânea.
Foram homens e mulheres que escutaram a frase: “olhai os lírios do campo...;” e sendo plenamente felizes, tiveram a capacidade de gerenciar os pensamentos e fazer de uma pequena flor um espetáculo aos seus olhos. É... creio que meus personagens que sou-beram manter a felicidade em meio a um ambiente tão agreste, no início da colonização, foram pessoas que sabiam que a felicidade é um sonho de homens e mulheres que não acordam. O sonho da felicidade precisa ser contínuo e não permi-te a quebra do ato de sonhar.
Aí podemos concluir: a felicidade se esconde no cerne das coisas mais simples e também nos atos mais singelos e fraternos; na singeleza de vida como viveram nossos ancestrais que fazem a história de Nossa Terra e de Nossa Gente.

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