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quarta-feira, 21 de julho de 2010

COLUNISTA - Elza de Melo


Nuances de Vidas em Crônicas (54)

Logo que retornei de minha licença de tratamento de saúde, o professor Jairo Bitencourt me comunicou que teríamos um estudo de aperfeiçoamento dos professores da Escola Básica Antônio Guglielmi Sobrinho, no bairro Vila Nova. Este estudo seria orientado por ele, professor da disciplina de História. Como sou historiadora de Içara, ele pediu a minha colaboração já que ten-cionava usar uma metodologia inovadora. Estava planejando uma viagem aos limites do município e a explanação do assunto sócio-histórico e o político- geográfico abrangendo desde a demarcação territorial, a mobilidade social, os ciclos econômicos até os dias atuais. Um dos pontos de destaque seria a observação do Rio dos Porcos, desde a nascente, acompanhando os meandros, até a junção às águas do Rio Araranguá para desaguar na Barra. O Rio dos Porcos drena na bacia hidrográfica uma área de 127Km², ou seja, 42,5% do território de Içara. Além do mais, ele corta o bairro de Vila Nova, onde está situada a nossa escola.
Não poderia haver aula mais instrutiva e motivadora a aula que o professor planejara. Mesmo tendo algumas precauções com a minha saúde, não pude deixar de participar do estudo. Estava claro que o professor, conhecedor de todo o município e que também lecionou Estudos Regionais, sabe da necessidade do professor ter conhecimento sobre a cidade para poder contextualizar as aulas e assim obter êxito na aprendizagem dos alunos. Afinal não podemos ensinar o que desconhecemos. Conhecimento é fundamental para um professor que tem a prática de ensino como ferramenta de trabalho.
Nerilda, a diretora, achou uma idéia inovadora fazer o nosso estudo na fonte histórica e geográfica. Seria como ir à fonte em busca de informações para trazer para a sala de aula. Assim, dividido em etapas saímos em campo para pôr a prática e a teoria lado a lado. A Secretaria de Educação do município (Giovana dos Santos) forneceu o ônibus e o motorista, o prestativo Silmar, e lá fomos nós socializar com os colegas o que sabíamos e colher deles a sua participação. Beleza!
Nosso primeiro ponto foi buscar o limite entre Criciúma e Içara. Não temos mais o pórtico demarcando os limites, mas sabemos muito bem onde está a divisa de onde termina Içara e inicia o território criciumense. Descemos pela Linha Anta e seguimos rentes aos limites de Criciúma, Morro da Fumaça, Sangão, Jaguaruna. Observamos a lavoura de fumo em vários estágios e comentamos a necessidade de um novo produto agrícola ou uma inovação econômica para os fumicultores. Afinal, não se pode tirar algo se não tivermos outra oferta para a segurança econômica dessas famílias. Trabalho é dignidade e o agricultor, geralmente está desqualificado para o mercado de trabalho urbano. Daí a preocupação em manter a família no contexto sócio-político. Deixar o homem do campo desocupado é o mesmo que contribuir com a escassez de alimentos, o encarecimento do custo de vida, o êxodo rural e a desestrutura das famílias. Entretanto é necessário olhar para a segurança e o bem estar da população rural. Mesmo estando no campo é necessário dar instrução aos filhos e qualificá-los para qualquer eventualidade. Este é o olhar que o professor Jairo e a equipe pedagógica têm com os estudantes dessas localidades longínquas e de difícil acesso.
Pois bem, em algumas localidades paramos para conversar e refletir as mudanças que o tempo se encarregou de fazer, quer no povoado ou na população. Entre os longos tapetes de lavouras avistávamos as moradas cuidadas; algumas muito boas mostrando o estatus de quem as habitava, outras bem modestas, mas nenhuma tinha o ar desolado de uma favela. Havia um envolvi-mento com a terra, com os animais, com as pessoas vizinhas ou familiares. Daí é que se pode observar o compromisso do homem com o meio ambiente, especialmente com as águas. Afinal o nosso primeiro objetivo era acompanhar a nascente e o processo de drenagem hidrográfico de nossa terra e, em contrapartida, olhar o ser e o fazer de nossa gente.
Até a próxima semana com mais um assunto de interesse dos içarenses.

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