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quarta-feira, 20 de abril de 2011

COLUNISTA - Elza de Mello



Aquém dos trilhos Vidas em Crônicas (13)

Olho o manuscrito em mi-nhas mãos e me emociono a cada palavra que leio. É um relato de vida que brota do âmago da alma de José Ida-lino Cechinel ao falar um pouco da Rodovia Pascoalin Cachinel.
O lugar mencionado é o Rio Acima, segundo ele, no-me dado pela quantidade de peixes que saía da barra e su-bia pelo rio Urussanga. E foi ali que a família Cechinel adquiriu o seu trabalho na estrada de ferro que estava sendo construída e, depois de algum tempo adquiriu o terreno onde se fixaram como moradores içarenses.
Pois bem, José Idalino re-corda as palavras de seus pais e avós quando se refere à diáspora italiana para o no-vo mundo: “foi em 1883 quando Paulo Cechinel e Catarina Copérnico e filhos deixaram a Província de Tre-viso, na Itá-lia, para não verem os fi-lhos perece-rem na guer-ra. A Nação não tinha planejamento familiar, fal-tava alimen-to ao povo e a fome era o motivo para manter a guerra.”
Mesmo o amor telúri-co era inca-paz de manter um povo fa-minto e deserdado das terras, bem maior de tra-balho e de condições de vi-da. Um relato que poucos têm a hombridade de afir-mar, sobretudo com as pala-vras que ele destaca ainda falando de Paulo Cechinel: “seus dois irmãos padres da ordem de São Francisco de Assis, a mesma ordem de Santo Antônio de Lisboa, que santificou a sua vida na Itália e escolheu Pádova para ser sepultado em 1231, lhe deram a bênção de despedi-da e dois estandartes de San-to Antônio de Lisboa. E a partir dessa devoção, Lou-renço Cechinel se tornou o zelador de Santo Antônio de Lisboa”.
As emoções afloram quando ele relembra os re-latos da família no porto de Nápolis, onde ocorreu a grande e dolorosa despedi-da. Ali ocorreu o último e mais saudoso olhar aos seus familiares, a sua terra natal, ao ar que respiraram por tantas gerações.
Saudades que deixava o coração aberto em uma fe-rida difícil de cicatri-zar. Eles tinham a certeza de que aqueles olhares que se cruzavam na despedida não se cruzariam mais. O Oceano era a grande fronteira in-transponível dessa viagem sem volta. No entanto a na-ve seguia o seu destino para a terra prometida, a terra de Santa Cruz abençoada por Frei Henrique de Coimbra em sua primeira missa.
A terra que levava o no-me de Brasil, a terra ver-melha das árvores brasilei-ras, o pau-brasil.
Então Paulo e Catarina olharam a imensidão azul do firmamento e pediram a Santo Antônio de Lisboa, a-quele que tinha os italianos em seu coração, que interce-desse a Jesus para que aqui no Brasil se formassem uma só família todos os filhos de Deus. E foram 36 dias de via-gem nas águ-as do Oceano até chegar ao Rio de Janei-ro. E foi ainda no cidade ma-ravilhosa que descobriram que a fartura de queijo rala-do que tanto atraíam os ita-lianos nas propagandas do Brasil, era na verdade fa-rinha de man-dioca. Mas a segunda surpresa ainda estava para acontecer. Seu destino era Santa Catarina e viajar até Urussanga. E foi na viagementre Laguna e Pedras Grandes que ele en-controu o lugar ideal para o seu objetivo: colocar uma tafona para moer milho.
A farinha de mandioca a-lém de ser um alimento des-conhecido da base familiar, ainda não agradou ao pala-dar de sua gente. Moer mi-lho para fazer a polenta se tornou um objetivo, faltava descobrir uma queda-d’á-gua ideal. E então essa que-da-d’água ele encontrou no rio Cocal onde passaram a residir em 1883. Neste lugar Paulo Cechinel se estabele-ceu, depois de algum tempo, com engenho de farinha de mandioca, engenho de açú-car e comércio.
Mesmo em uma terra fér-til e abençoada, o dinheiro não circulava devido as di-ficuldades de comerciali-zação da produção, então......
Continuamos na próxima edição com mais um as-sunto de nossa terra e de nossa gente.

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