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quarta-feira, 29 de junho de 2011

DISTRITO - Içara abrigará centro de recuperação para mulheres

O drama vivido por Rosane Cavalheiro de Oliveira, que lutou pela recuperação do marido dependente químico, serviu para que hoje ela tivesse forças para criar um centro para reabilitação de mulheres.

(Divulgação)

O primeiro centro de recu-peração para mulheres de-pendentes químicas da Re-gião Sul de Santa Catarina está sendo construído na comunidade de Urussanga Velha 2, em Içara.
Iniciativa da Associação De-us Está Aqui, através da pre-sidente Rosane Cavalheiro de Oliveira, o centro é pro-jetado para tratar e abrigar 32 mulheres.
Pelo menos 12 dependen-tes químicas já estão na fila esperando pela inaugura-ção, que deve acontecer no prazo de seis meses.
Rosane mora no bairro Pe-dreiras, em Içara, há quatro meses. Ela veio de Floria-nópolis para acompanhar o tratamento do marido em um centro de recuperação da região. “Como o meu marido veio tratar-se aqui, decidi morar em Içara para acompanhá-lo. Sei o que é estar na pele de alguém que ama um dependente quími-co. A dependência química é um problema físico e espi-ritual. Ainda existe muita discriminação. Ao invés de apoiar, a sociedade não a-credita na recuperação de-les, isso acaba deprimindo a pessoa que está saindo das drogas, fazendo com que tenha uma recaída”, explica a presidente.
Rosane luta há seis anos pela recuperação do marido e neste tempo também aju-dou muitos outros depen-dentes químicos. “Em Flori-anópolis, eu e mais algumas pessoas fazíamos um traba-lho na Praça 15 com mora-dores de rua usuários de drogas. Nós pregávamos o evangelho e servíamos janta para eles. Todos demons-travam interesse em fazer um tratamento. Então, eu os levava para os centros de recuperação, mas, na maio-ria das vezes, não havia vaga. Já chegamos a abrigar moradores de rua em nossa casa”, conta Rosane.
A entidade possui 17 pes-soas na diretoria. “Qualquer um pode nos ajudar, inde-pendente de religião”, res-salta a presidente, integrante de uma igreja evangélica.
Ao chegar a Içara, Rosa-ne resolveu trazer o trabalho que já vinha fazendo em Florianópolis, mas, desta vez com foco na reabilitação de mulheres. Ao procurar por um lugar para alugar, ela teve uma surpresa agra-dável. “Enquanto procurá-vamos o local para criar o centro, um casal conhecido disse que doaria um terreno em Urussanga Velha 2. Po-rém, houve algo muito espe-cial nesta doação, porque um deles teve um sonho de que o lugar serviria para cri-ação de um centro de recu-peração para mulheres, sem saber que nós estávamos procurando”, enfatiza a presidente da associação.
O terreno doado pelo ca-sal possui 830 metros qua-drados , onde ainda há uma estufa de fumo.
“A vigilância sanitária e-xige um padrão para cons-trução de centros deste tipo. Cada quarto tem que ter um banheiro e não pode haver mais de quatro meninas em cada um, por exemplo”, diz.
A Associação Deus Está Aqui pede a colaboração da co-munidade, empresários e políticos para a construção. “Inicialmente, precisamos de um engenheiro voluntá-rio, que faça a planta arqui-tetônica; além de todo o tipo de material de construção”, pede Rosane.
Segundo a responsável, o trabalho de recuperação não vai contar com o uso de medicamentos, mas sim, te-rapia diária e capacitação para o mercado de trabalho. “Vamos promover cursos para as residentes, através dos quais elas vão produzir peças artesanais, entre ou-tras, que serão vendidas pa-ra criação de um fundo, ou seja, um dinheiro que será guardado para elas até que terminem o tratamento e que ajude a começarem a vida quando saírem da reabilita-ção”, projeta Rosane, escla-recendo que, após saírem do centro, tanto as mulheres, quanto as famílias conti-nuarão sendo acompanha-das por profissionais, como psicólogos e assistentes sociais. “É um trabalho transparente e uma obra que não é só minha, mas de to-dos que se colocaram à dis-posição para fazer”, fala.
A presidente chama a a-tenção para o fato de que o centro de recuperação femi-nino mais próximo encon-tra-se na Capital do Estado. “O centro de Florianópolis tem apenas 14 vagas, e todas preenchidas. Mães de de-pendentes químicas me li-gam desesperadas pedindo ajuda. A nossa região preci-sa de um centro como este”, finaliza Rosane de Oliveira.

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