(Divulgação)

O primeiro centro de recu-peração para mulheres de-pendentes químicas da Re-gião Sul de Santa Catarina está sendo construído na comunidade de Urussanga Velha 2, em Içara.
Iniciativa da Associação De-us Está Aqui, através da pre-sidente Rosane Cavalheiro de Oliveira, o centro é pro-jetado para tratar e abrigar 32 mulheres.
Pelo menos 12 dependen-tes químicas já estão na fila esperando pela inaugura-ção, que deve acontecer no prazo de seis meses.
Rosane mora no bairro Pe-dreiras, em Içara, há quatro meses. Ela veio de Floria-nópolis para acompanhar o tratamento do marido em um centro de recuperação da região. “Como o meu marido veio tratar-se aqui, decidi morar em Içara para acompanhá-lo. Sei o que é estar na pele de alguém que ama um dependente quími-co. A dependência química é um problema físico e espi-ritual. Ainda existe muita discriminação. Ao invés de apoiar, a sociedade não a-credita na recuperação de-les, isso acaba deprimindo a pessoa que está saindo das drogas, fazendo com que tenha uma recaída”, explica a presidente.
Rosane luta há seis anos pela recuperação do marido e neste tempo também aju-dou muitos outros depen-dentes químicos. “Em Flori-anópolis, eu e mais algumas pessoas fazíamos um traba-lho na Praça 15 com mora-dores de rua usuários de drogas. Nós pregávamos o evangelho e servíamos janta para eles. Todos demons-travam interesse em fazer um tratamento. Então, eu os levava para os centros de recuperação, mas, na maio-ria das vezes, não havia vaga. Já chegamos a abrigar moradores de rua em nossa casa”, conta Rosane.
A entidade possui 17 pes-soas na diretoria. “Qualquer um pode nos ajudar, inde-pendente de religião”, res-salta a presidente, integrante de uma igreja evangélica.
Ao chegar a Içara, Rosa-ne resolveu trazer o trabalho que já vinha fazendo em Florianópolis, mas, desta vez com foco na reabilitação de mulheres. Ao procurar por um lugar para alugar, ela teve uma surpresa agra-dável. “Enquanto procurá-vamos o local para criar o centro, um casal conhecido disse que doaria um terreno em Urussanga Velha 2. Po-rém, houve algo muito espe-cial nesta doação, porque um deles teve um sonho de que o lugar serviria para cri-ação de um centro de recu-peração para mulheres, sem saber que nós estávamos procurando”, enfatiza a presidente da associação.
O terreno doado pelo ca-sal possui 830 metros qua-drados , onde ainda há uma estufa de fumo.
“A vigilância sanitária e-xige um padrão para cons-trução de centros deste tipo. Cada quarto tem que ter um banheiro e não pode haver mais de quatro meninas em cada um, por exemplo”, diz.
A Associação Deus Está Aqui pede a colaboração da co-munidade, empresários e políticos para a construção. “Inicialmente, precisamos de um engenheiro voluntá-rio, que faça a planta arqui-tetônica; além de todo o tipo de material de construção”, pede Rosane.
Segundo a responsável, o trabalho de recuperação não vai contar com o uso de medicamentos, mas sim, te-rapia diária e capacitação para o mercado de trabalho. “Vamos promover cursos para as residentes, através dos quais elas vão produzir peças artesanais, entre ou-tras, que serão vendidas pa-ra criação de um fundo, ou seja, um dinheiro que será guardado para elas até que terminem o tratamento e que ajude a começarem a vida quando saírem da reabilita-ção”, projeta Rosane, escla-recendo que, após saírem do centro, tanto as mulheres, quanto as famílias conti-nuarão sendo acompanha-das por profissionais, como psicólogos e assistentes sociais. “É um trabalho transparente e uma obra que não é só minha, mas de to-dos que se colocaram à dis-posição para fazer”, fala.
A presidente chama a a-tenção para o fato de que o centro de recuperação femi-nino mais próximo encon-tra-se na Capital do Estado. “O centro de Florianópolis tem apenas 14 vagas, e todas preenchidas. Mães de de-pendentes químicas me li-gam desesperadas pedindo ajuda. A nossa região preci-sa de um centro como este”, finaliza Rosane de Oliveira.
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