É famosa aquela história do Padre Alemão que dava de ombros quando sabia que os nazistas estavam prendendo, e matando, judeus, ciganos, comunistas. A cada lote de prisões ele desconversava: Não sou judeu, não sou cigano, não sou comunista, não é comigo. Um dia, arrombaram a porta de sua casa e o levaram, aí, já era tarde, não havia a quem recorrer.
Lembrei desta história quando recebi uma dessas correntes internéticas onde o texto conclamava que, em ato de reflexão sobre a destruição que causamos ao planeta, apagássemos as luzes de nossas casas por uma hora. Das 20:30 até as 21:30 do sábado que passou, 28 de março.
A primeira coisa que me chamou atenção na referida “corrente” é que ela foi encampada por grandes empresas (a que recebi tinha o apoio institucional do Banco do Brasil). Isto é emblemático porquanto reflete que, finalmente, os maiores poluidores do mundo (mercado financeiro) estão conscientes de que a febre da mãe terra chegou a um ponto intolerável. Ou mudamos, ou morremos, enquanto espécie.
Só por isso já senti um alento, posto que o desejo de salvar o mundo mudando conceitos, não partia só dos “ecochatos”, como são alcunhados os intransigentes defensores da Terra, e da terra, mas, começou a ser incorporado pelas grandes corporações, pelas grandes empresas.
Em que pese eu saber, também, que tal comportamento ecologicamente correto ainda é um verniz publicitário (se todas as empresas que se dizem preocupadas com o meio ambiente, agissem com efetividade nesse sentido, o meio ambiente já estaria bem, mas bem melhor), que tem mais finalidade de aplacar consciências culpadas do que de efetivamente mudar, não posso deixar de considerar este um bom sinal. Um começo.
Então, chegado o momento de apagar as luzes, estávamos eu e minha família em casa, saboreando uma pizza deliciosa feita desde a massa pela excelentíssima gerente do lar, a minha mulher, quando paramos o jantar e apagamos todas as luzes. Acendemos velas. Foi divertidíssimo, para dizer o mínimo.
Aproveitamos para descer e ir à praça, com as crianças. Foi então que nossos filhos, e mais um amigo do meu pequeno que estava junto, começaram a gritar pelas ruas: Apaguem as luzes!!! Apaguem as luzes!!!
Foram pequenas vozes ao vento. Ninguém, pelo menos não no nosso raio de visão, apagou por uma mísera hora as luzes de sua casa para externar o desejo de participar desse ato de reflexão. Ato de reflexão??? Justo na hora do Jornal Nacional e da novela das nove??? Tenha a santa paciência, é pedir demais.
Para diminuir um pouco a indiferença humana com seu próprio destino, grandes monumentos tiveram suas luzes apagadas. Mas, essa breve escuridão a que foram submetidos não disfarça a grande escuridão da insensibilidade que vai na alma humana, da absoluta falta de interesse pelo próprio destino.
Fica claro, pela pouca adesão ao ato, que o trabalho é árduo, porquanto é de conscientização. Podemos ter mil defeitos... todos temos defeitos e cada qual sabemos dos nossos, mas, por Deus, o defeito da indiferença é, sem sombra de dúvidas, o que fertiliza o terreno do mal.
Está explicado porque Jesus advertiu: A messe é grande, os trabalhadores... poucos!
Até a próxima semana com mais um assunto.
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