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sexta-feira, 1 de maio de 2009

ESPAÇO LIVRE - Hipocrisia, uma crise sem fim

O termo nos remete à falsidade, fingimento, ao contrário da sinceridade. É dissimular, falsear a verdade, as intenções, os sentimentos. Pois bem! Você se acha uma pessoa hipócrita? Não? Era essa a resposta que eu queria ouvir de você. Eu também não acho que eu seja uma pessoa hipócrita e acredito que poucas pessoas assumam ser hipócritas. Então continuemos... Hoje é um dia daqueles, li, vi, ouvi e aqui estou a desabafar mais uma vez. Está em todos os jornais: escândalo das passagens aéreas em Brasília; verbas de gabinete usadas ao limite para gastos pessoais; empreguismo; apartamento funcional hospedando a amante, etc... Dá vontade de rasgar o título de eleitor. O pior é que somos nós que votamos nessa gente. Mas me pergunto: será que estes são gente mesmo? Possuem um coração que ainda bate? Que igreja eles frequentam?

Argumentam que tudo é absolutamente legal, uma prática comum. Se comportam como legalistas, pois em nenhum momento citam a moral como balisa para suas decisões. A moral é um sentimento humano que nos difere dos animais, que firmada na ética nos anuncia quando estamos errados. A moral está intrinsicamente ligada à consciência e à escolha diária a que todos somos submetidos: fazer ou não fazer.

A verdadeira política está para a vida pública como o sacerdócio está para a religião: requer vocação e é para poucos. É algo sagrado. Você lida com a esperança de muitos. Uma decisão errada e você poderá influenciar toda uma geração.

Trabalho no Sistema Único de Saúde há muito tempo e lido com a dor todos os dias. Lá na faculdade, nos ensinam a não nos envolvermos tanto com a dor do outro, para que nós próprios não acabemos doentes. Mas não é fácil, a dor dói. Há dias em que tudo o que posso fazer é tão somente ouvir. E como aprendemos. O desabafo de alguém com dor é uma aula de vida, de cidadania, uma pós-graduação em humanidade. Dá vontade de gritar: por quê? Porque uns com tanto, achando tudo normal, legal... e outros tendo que ruminar as migalhas deste banquete chamado Brasil.

O verdadeiro político precisa estar junto do povo e saber ouvi-lo. Precisa saber que povo somos todos nós. Precisa saber a diferença entre política de estado e política de governo: a primeira deve permanecer, independente de partido.

Mas onde estão os verdadeiros? Junto com os hipócritas?

Um dia me perguntaram qual sistema econômico seria melhor, capitalismo ou comunismo, e eu respondi que na verdade não precisamos de um sistema novo, o que o homem precisa é de uma nova vida. Precisamos parar de mentir para o ou-tro e para nós próprios. A sociedade precisa de um derramamento de amor e de uma campanha institucional aos quatro ventos: “só a verdade liberta”. O homem sem amor é escravo do seu ego, mas aquele que ama ainda consegue se ocupar com a vida do outro. Gostaria de ser prefeito, governador ou presidente por apenas um dia e baixar o seguinte decreto:

“Doravante estão proibidos toda propina, apadrinhamento político e altos salários. São também ilegais a mentira, a falsidade e a hipocrisia. Ame o outro como se a si mesmo o fosse. Revoguem-se as disposições em contrário”.

Sonho, utopia... não sei, mas o pulso ainda pulsa.

Vilson Schambeck, cirurgião dentista

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