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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

COLUNISTA - Walterney RÉUS: A lição de Fábio Marinho!

Publiquei o texto nos idos de Agosto de 2006. Reproduzo hoje, porque ainda cabe: Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade. Cada vez mais dou razão aos versos de Raul Seixas. Vejam vocês, leitora e leitor, o que aconteceu lá pras bandas de Porto Alegre, e que não deu na FOLHA, no ESTADÃO, no GLOBO, na ISTOÉ, e, claro, menos ainda na VEJA.

O dono de uma banca de revistas, Fábio Marinho, tomou a decisão mais insólita para um jornaleiro. Decidiu que não venderia mais VEJA. A notícia, titulada como “Medida Saneadora”, saiu só na coluna do Hamilton, na revista CAROS AMIGOS. O nosso herói (e, depois, ficam dizendo que o Brasil não tem heróis. O que mais tem nesse país é herói), comunicou que cortou a venda da VEJA no estabelecimento porque: Já que, em certa medida, também sou responsável pela difusão da informação, aproveito minha margem de manobra (pequena é claro) para boicotar uma revista que joga contra os interesses do povo brasileiro e não contribui em nada para solucionar os grandes problemas nacionais.

A decisão de Fábio é das mais corajosas, porquanto resulta em forte impacto negativo para seu negócio (do ponto de vista mercadológico), posto que VEJA é o carro chefe das revistas. É como um supermercado resolver não vender mais pão, ou uma lanchonete não vender refrigerante. Daí a demonstração de maior amor ao país, dada pelo Fábio. Perde dinheiro, mas não perde o amor à verdade.

Ele é um filósofo que atua como jornaleiro. Fábio tem consciência de que faz parte da cadeia “produtiva” da informação. Pode até não escrever jornais, revistas, mas os vende. Pena que a consciência de Fábio esteja longe de constituir a essência da consciência das grandes redações, e de algumas pequenas, também, que merecem reflexão.

No último dia 25, por volta das 8h50min, estava eu no trânsito quando liguei o rádio. Sintonizei a “SM Antena1” que estava transmitindo o programa Adelor Lessa, com o próprio no comando. No exato momento em que sintonizei o programa, Adelor estava repercutindo uma notinha que publicou em sua coluna no jornal Tribuna do Dia.

A notinha dizia, em síntese, que esta era a eleição do carvão, que todos os candidatos, com exceção de alguns poucos, elegiam o carvão como uma das prioridades. Ato contínuo, entrou em contato com Fernando Zancan, Secretário do SIECESC (sindicato carvoeiro) que estaria nos Estados Unidos, e trataram candidamente sobre os benefícios do carvão e a necessidade como matriz energética; a capacidade tecnológica que a indústria carvoeira teria de minerar sem causar danos ao meio ambiente.

Liguei para a emissora no ato e pedi para entrar no ar e questionar, tanto ao Lessa quanto ao Zancan, os fatos ocorridos no dia 4/08/2006, em Treviso, quando açudes e poços secaram e casas foram destruídas pela subsidência ocorrida naquelas terras em razão de atividade mineradora.

Não me permitiram falar.

A princípio disseram que eu “entrava com os dois pés” (quem está com a verdade não tem medo nem de dois, nem de duzentos pés, porque a verdade é sólida). Insisti. Pediram, então, que eu aguardasse na linha que me poriam no ar. Não puseram e me deixaram gastando celular. Diante da minha insistência, renovando a ligação, disseram para eu deixar o telefone que me retornariam. Não retornaram.

A questão, das mais elementares, é: Se a indústria carvoeira está falando a verdade, ao se dizer capaz de produzir o lixo sem causar danos ao meio ambiente, porque cargas d´água qualquer fato contrário a essa fraudulenta afirmação é omitido pela mídia local? Quem está falando a verdade não tem medo de “opiniões” contrárias. Se o SIECESC tem a palavra, porque o povo que sofre as consequências do carvão não a tem?

Que jornalismo míope é esse que nega a confrontação entre o “dizer” de um secretário carvoeiro e o questionamento baseado no fato de que as pessoas continuam perdendo as águas, as casas, a qualidade de vida? José Adelor Lessa, o jornalista, deveria prestar atenção em Fábio Marinho, o jornaleiro.

Aliás, a ideia de Fábio Marinho é mais que corajosa, é maravilhosa, é revolução sem sangue. Vamos praticá-la.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, Meu nome é Caroline Oliveira,tenho 16 anos, sou estudante do terceiro ano, e, pretendo ao término do ensino médio, cursar jornalismo. Mas há algum tempo me desestimulei. Isto, em virtude da resolução que definiu a não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão. Contudo, após ler a coluna de Walterney Réus da edição do dia 9 de setembro de 2009, no Jornal Içarense, consegui novamente me lembrar o motivo pelo qual quero seguir esta profissão! É maravilhoso o papel que o jornalista exerce, levantando bandeiras e abrindo horizontes, revelando não somente o cotidiano, mas propondo uma reflexão mais aprofundada da sociedade em geral sobre assuntos pertinentes. Assim como a polêmica levantada em seu texto. Afinal, é esta revoltante "pseudoliberdade" de expressão que me motiva ainda mais a seguir com meu desejo; pois, é inadimissível que em nosso país continuem ocorrendo estas manipulações do que pode ou não ser veiculado, sobretudo quando o assunto em questão é de interesse geral. Enfim, sinto-me renovada, certa de que mesmo em menor número, ainda existam cidadãos como Fábio, por exemplo, que com simples (porém grandiosas) atitudes, ainda mudarão a realidade em nosso país!!!

Desde já sou grata e o parabenizo pelo grande trabalho!



Att, Caroline de Oliveira

Içara, 27 de Julho de 2010.

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