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quinta-feira, 1 de abril de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas em Crônicas (35)

Embora José, o marido de Jovita suspirasse por ter um filho homem, tivera que se contentar e esperar por ter um genro que ocupasse o lugar do filho que não veio. O marido de Ritinha certamente seria um filho muito querido. E assim, pela manhã Juvenal acordou contando dos sonhos que ilustrou a noite e qual não foi o espanto ao escutar as palavras do pai: - Filho, quem sabe se a Ritinha não quis, em sonho, te pedir para não receberes a junta de bois que ganhaste do pai dela? Ao que o rapaz respondeu:
- Difícil fazer com que isto aconteça meu pai. Ontem mesmo ele me pôs as cordas dos bois nas mãos e insistiu para que eu recebesse o prêmio diante de todos. Logo que saltou do cavalo ele mandou que o Tião fosse em casa e trouxesse a junta de bois ajojada para me fazer a entrega. Eles já estão no palanque aqui de casa. - Santo Deus, em quê vai dar tudo isso? Exclamou Maria de mãos postas. Então Juvêncio balançou a cabeça e saiu para a rua sem responder.
A vida continuou com a mesma rotina, mas o encanto da amizade parece que foi quebrada. Os cumprimentos são a-penas de obrigação e Juvêncio não mais visitou o compadre como antigamente. As mulheres se falam com frequência e os jovens viviam o seu mundo colorido indiferentes ao estremecimento da amizade. O caso parecia que estava para ser desgastado não fosse o namoro entre Ritinha e Juvenal. Quando José soube que a filha estava gostando do rapaz, ele ficou furioso e, batendo na mesa declarou: - de hoje em diante você não olhará mais para aquele crápula, minha filha. E veja bem, se você me desobedecer, você e sua mãe irão se arrepender amargamente! E você Jovita, não quero mais que fique de prosa com a comadre Maria, pois minha filha não casará nunca com um inimigo meu. Ritinha saiu para o quarto chorando e logo a mãe foi consolá-la.
– Não chores minha filha, seu pai há de esquecer a malquerência e um dia abençoará a vocês. Não precisa dar demonstração do namoro de vocês, esperem que o seu pai esfrie a cabeça e tudo acabará bem.
Ritinha enxugou as lágrimas e acreditou nas palavras da mãe. Achou-se até uma boba, onde já se viu seu pai não querer o namoro com Juvenal, afinal as famílias sempre foram tão amigas! Ia dar tempo ao tempo e até lá as mágoas seriam esquecidas. Assim logo passou das lágrimas para o riso e saiu para a fonte. Não esperava que Juvenal havia mandado um recado pelo Tião, o empregado negro. Juvenal pedia que ela viesse ao terreiro depois do jantar, estava querendo lhe falar de um assunto urgente. Ritinha mandou dizer que iria, mas que os dois precisavam ter cuidados pois o pai não queria que se encontrassem. Tião levou o recado para Juvenal e lhe disse: - o patrão não quer o namoro de tu com a sinhazinha Rita. Ele ainda não esqueceu do jogo que perdeu para vosmecê a melhor junta de bois. Se você quer casar com a sinhazinha deve de roubá-la e fugir para muito longe, senão o patrão não deixará vosmecês viverem juntos. (continua...)

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