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sexta-feira, 9 de abril de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas
em Crônicas (38)


(...) Maria faleceu e Ritinha durante o luto do sétimo dia, não resistindo as perdas em sua vida, havia se jogado nas águas do rio, e morreu. Somente o pai estava vivo, mas abatido e sozinho.
Juvenal escutou a tudo isso muito abatido e, ao chegar em casa procurou as tranças de Ritinha e foi até a uma árvore próxima à casa. Ali prendeu o pescoço e suspendeu o corpo em um galho, dando cabo à vida. Bem cedo a família o encontrou morto e com as tranças presa entre as mãos. A dor cobriu a família de Juvêncio de luto.
O tempo passou e o povo poderia esquecer a desventura do rapaz se o passado não viesse bater à portas da localidade de Terra Firme ao chegar um caminhante roto, empo-eirado e cansado, pedindo para sepultar os restos mortais de sua família. E então ele contou que para atender ao pedido da esposa, de que gostaria de ficar na terra de seus pais, estava trazendo os restos mortais de Maria e de Ritinha para sepultar em Urussanga Velha.
E qual não foi o espanto de Tião ao ver chegar um homem alquebrado e vencido com um baú contendo os restos mortais das mulheres amadas de sua vida. Se José não tivesse reconhecido Tião, talvez eles nunca mais se encontrassem. Mas ao ver José, Tião ajudou o ex patrão a dar sepultura aos restos mortais da sinhá e da sinhazinha e quando Tião falou que ali jazia Juvenal, José foi às lágrimas e ali mesmo pediu perdão ao desventurado rapaz. Para compensar o mal que fez e que lhe retornou com tanta crueldade, José ofereceu a Tião o terreno do Retiro que ainda possuía, pois não pode vender em sua retirada, dali ele partiu para Araranguá, em busca dos parentes e lá pouco tempo mais viveu.
Tião viveu no Retiro por mais alguns anos e até o final dos dias contava a história do infeliz casal que foi vítima de um destino tão cruel e que certamente estariam vivendo nas estrelas o amor que não puderam viver na terra.
Na próxima semana voltaremos com mais um assunto de Nossa Terra Nossa Gente.

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