O blog JIdiario agora é portal JInews.com.br, com muito mais interatividade e conteúdo atualizado a todo momento. Acesse e confira.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas em Crônicas (44)

É normal o povo falar em democracia, até porque ela é a palavra mais usada nos palanques eleitoreiros. Não há político que não explane os seus ideais recheados de democracia aos eleitores.
E quando um cidadão pensa em democracia, ele tem a suave ilusão de viver uma democracia plena em seu país. Mas, se a fala é o resultado do pensamento, é preciso muitas vezes rever os conceitos que temos sobre democracia. Afinal, existe muita falácia sobre assuntos que pensamos ser de fácil compreensão ao povo.
Tenho até um pouco de vergonha quando legisladores não entendem a sua importância para u-ma população. Mas tenho muito mais vergonha quando vejo cidadãos que ainda não sabem definir, ou entender o valor de um edil que está presente na multidão e que se faz voz do desfavorecido em uma tribuna da assembleia, seja ela municipal ou estadual. E se essa pessoa ocupa uma posição de mando em algum órgão público, isso me deixa até mesmo constrangida, pois a referida pessoa não atua em sua função, ou seja, apenas finge que faz algo, mas nada faz pelo consumidor e se acha o tal.
Pois bem, a democracia coroada não sobreviveu no Brasil para prolongar uma agonia antiga como a de Portugal, mas para conceder-lhe uma vida acima da outra, uma vida nova. O que deve ser posto em relevo na personalidade do primeiro imperador é a integral adequação ao espírito do tempo. O respeito verbal às convenções burguesas; seu sexo e sua espada empinados por debaixo da capa do amante furtivo de São Cristóvão, ou do comandante liberal do Porto, a fidelidade a filha rainha portuguesa, o entusiasmo pela liberdade e o gosto pelo despotismo, nada lhe faltou para ser o herói romântico do século.
Em seguida a substituição do segundo Pedro, um Bragança brasileiro que encarnou a grandeza, o espírito do tempo em que viveu. De menino louro a velho barbudo, nunca apareceu sorrindo em nenhum retrato. Mas era grande, muito grande em teimosia, era muito maior que o meio onde reinava. Fez grande esse meio, fez o Brasil, que era grande por fora, também grande por dentro. Pedro II fez um reinado mestiço-europeu. Os eleitos falando bonito no Senado, mas incompreensível para os eleitores, enquanto viscondes e marqueses tomavam café em Petrópolis, no Rio de Janeiro. No entanto o povo amava o Imperador.
Até a semana que vem com a continuação...

Nenhum comentário:

Postar um comentário