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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas em Crônicas (55)

Em Urussanga Velha descemos para observarmos o monumento dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil. O monumento é o marco de meio milênio de história luso-açoriana e da origem do município de Içara. Foi em Urussanga Velha que se caldeou as raízes formadora do povo e da cultura içarense. A lagoa que foi um berçário para a desova das tainhas, recebeu o impacto das lavagens do carvão de Urussanga que esgota as águas poluídas pelo rio Urussanga até a Barra do Torneiro. Parece incrível a poluição descer de tão longe e destruir um recurso natural que foi o suporte econômico daquela localidade.
Daí pode-se explicar a razão do subdesenvolvimento de uma comunidade antiga. Perder o foro de Distrito, em detrimento ao crescimento da vila de Içara até é compreensível, afinal aconteceu com tantas localidades litorâneas. Mas perder o recurso natural devido a poluição de um outro município é um fato desconhecido da maioria das pessoas, especialmente de quem leciona e desconhece a hidrografia e o relevo natural que constitui a base econômica das famílias rurais.
Mas lá estava, marcada em uma das faces do monumento, o pescador com a canoa manuseando a rede de pesca da tainha. O povo não quer apagar da memória a atividade econômica e nem as histórias que povoa o folclore da localidade. A devoção ao Santo padroeiro é um convite para o resgate da memória de um tempo de prosperidade onde açorianos junto aos afros e indígenas acenavam a uma nova ordem: plantar e colher para comer com fartura junto aos frutos da pesca e da caça. Depois era só agradecer ao bom Pai.
Porém, a desolação do povoado mostra que a poluição não perdoa o dolo da humanidade. Pena que sofra o justo pelo pecador...mas fazer o quê? Todos pagam pelo pecado social. Dalí seguimos para o Balneário Rincão onde iríamos almoçar um peixe saboroso no Pedro Luiz. O restaurante é de um dos filhos da terra, e nada mais natural que passar por aquele ambiente. Antes passamos pelo Capão dos Papagaios, observamos a vegetação característica daquela espécie de solo. Como o dia estava escuro e havia chovido durante a noite, não foi possível adentrar-mos no capão e nossa observação ficou restrita à janela do ônibus. Mas valeu!
Depois seguimos para o restaurante para sentirmos um pouco de chão. Especialmente poder sentar um pouco sem a trepidação que as estradas mal conservadas nos proporcionou. E quando o aroma da refeição chegou até nós, iniciamos o almoço enquanto o peixe foi sendo fritado na sequência. Ninguém resistiu esperar mais e o pessoal se desdobrou para dar conta do recado. Alimentados e satisfeitos seguimos ao encontro da nascente do Rio dos Porcos. O percurso até a Vila São José foi uma maravilha! Afinal seguíamos por rodovias asfaltadas. Fomos até a Vila Nova, pela Rodovia SC 444, depois tomamos a BR101 e seguimos pela Rodovia Lino Zanolli. No acesso a São Rafael seguimos novamente por uma ICR até chegarmos à nascente do Rio dos Porcos, na localidade do Morro Bonito. Em certo ponto o professor Jairo pediu que o Silmar parasse o ônibus e nos mostrou o novo limite entre Criciúma e Içara. É uma faixa de terra significativa que foi demarcada. Uma perda inestimável !
Ali alcançamos a nascente do Rio dos Porcos na origem, um olhinho d”água choroso que vai cortando outros terrenos e, como observamos, vai recebendo mais água e se avolumando enquanto vai também recebendo detritos e sendo poluído pelas lidas naturais do homem. Passamos por diversas localidades: São Rafael, Poço Oito, Boa Vista, Coqueiros, Campo Mãe Luzia, Canjicas, Barro Vermelho, Rio dos Anjos. Paramos para ver quando as águas do Rio dos Porcos se juntam ao Rio Araranguá. É belo ver como há uma diferença na coloração das águas. É como se elas não quisessem se misturar com as outras águas trazidas pelo Araranguá em seu longo percurso. E como pudemos observar, houve uma transdisciplinaridade com a participação ativa de todos os professores, independentes da disciplina que leciona.
O conhecimento globalizado deu margem a muitos argumentos, mas creio que uma opinião foi unânime: Valeu! Como diriam nossos caboclos: Êta aula arretada!
Parabéns Antônio Guglielmi Sobrinho pela valorização de Nossa Terra e de Nossa Gente...
Até a próxima semana com mais um assunto.

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