O blog JIdiario agora é portal JInews.com.br, com muito mais interatividade e conteúdo atualizado a todo momento. Acesse e confira.

quarta-feira, 30 de março de 2011

COLUNISTA - Elza de Mello



Aquém dos trilhos Vidas em Crônicas (10)

Há dias em que nos enfia-mos em recordações e o dis-tante parece que se torna la-tente em nossa memória. Sobretudo as conversas que tivemos com pessoas que nos forneceram um conheci-mento à priori.
Conhecimento que não ti-vemos por vivermos em é-pocas diferentes. Falo, hoje, da memória do Balneário Rincão na descrição de Pe-dro Luiz Fernandes. Ele também me repassou lem-branças de quando contava 51 anos de idade, exatamente no dia 12/04/1989, um dia de outono com um venti-nho que deixava o ar leve-mente frio naquele dia.
Seu Pedro Luiz falou que chegou à Lagoa dos Freitas, para onde a família veio mo-rar, aos 3 anos de idade. Os pais eram ainda recém casa-dos, visto que ele era o único filho nascido. E em Lagoa dos Freitas, na época Lagoa do Zé Réus, viveram da la-voura e ad-quiriam os gêneros de ne-cessidades: a-çúcar, sal, que-rosene, fósfo-ros, entre ou-tros, na venda do Gervásio Ferraz.
Logo que vieram resi-dir em Lagoa dos Freitas, presenciou os veranistas da Praia do Rincão: Addo Cal-das Faracco, Elias Angeloni, Bepe Casagrande, Lito Sea-ra, Jorge Carneiro, Massu-eto Costa, Eriberto Hül-se,Leandro Martignago, A-bílio Paulo, Adamastor Ro-cha. Entre esses veranistas podemos afirmar que tive-ram as primeiras casas no Rincão. E como moradores fixos: Antônio Manoel Ma-chado, Antônio Luiz Fer-nandes e Rafael Viscardi, pescadores que trocavam os pescados por outros gêneros na colônia.
Para atravessar as areias que fechavam a entrada do Arroio Rincão e divisavam com as lagoas, as mudanças eram tiradas dos caminhões e colocadas em carro de bois e transportadas até as casas. As pessoas acompanhavam os carros, à pé até a residên-cia da família e o carro ficava guardado na casa de Vital Mariano, na entrada da La-goa dos Freitas.
É preciso lembrar que a primeira pavimentação da estrada foi com juncos e a-pós, com palanchões de ma-deira que diziam ter sido jo-gado de um navio que esta-va para afundar nas ime-di-ações.
Então Osvaldo Cruz requereu da marinha. Assim os palan-chões eram colocados sobre as dunas e os carros atraves-savam o areal até as moradas dos veranistas.
Depois, a estrada foi sola-da com barro e pirita, e as pessoas pagavam um pedá-gio ao Gustavo Osório para ele limpar a areia que inva-dia a estrada e dificultava a passagem dos automóveis.
Os colonos, que no inver-no, devido as geadas, ti-nham os pastos queimados e soltavam o gado para pas-tar nos cômbros, também davam a sua ajuda ao cobra-dor do pedágio para cuidar do gado. Só mais tarde, com a transferência de Gustavo Osório para ajudar no traba-lho da Prefeitura Municipal de Criciúma é que foi cons-truído um mata-burros e deixou-se a vigilância da porteira.
Entre as la-goas e o mar haviam belos capões reves-tidos de vege-tação típica e adornados de belas bromé-lias e orquíde-as. Neles, as aves revoa-vam e se re-produziam.
Também o-correram fa-tos inesquecíveis: a morte de um alfaiate no Capão do Al-faiate; o tesouro enterrado no capão do Tesouro; o ni-nhal de papagaios no capão dos Papagaios. Perto do ca-pão dos papagaios havia a Casa da Nação, ponto de re-pouso do viajante do cami-nho do mar e, por ser acesso de viajantes, várias pessoas encontraram moedas e ou-tros objetos que marcaram a atividades deste caminho.
Hoje, esses caminhos es-tão descaracterizados pelas mudanças ocorridas na pai-sagem, com as construções de casas.
Outro fato inesquecível foi o naufrágio de um navio, en-tre o Balneário Rincão e a Barra Velha, na entrada da Lagoa do Faxinal, carrega-do de leite em pó e de cavalos de raça. Na segunda quebra do mar, quem pescar de re-des ainda engalha nos restos desse navio.
Então, quando as sauda-des batem forte no coração, relembrar os tempos passa-dos são faróis para entender os tempos presentes e valo-rizar ainda mais nossa terra e nossa gente.
Até a próxima semana com mais um assunto.

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário