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segunda-feira, 6 de junho de 2011


Disfunção do desejo sexual feminino

“Sinto-me cobrada na ca-ma, finjo prazer ou me quei-xo de dor de cabeça” comentário de mulher.

Cada vez mais as mulheres procuram ajuda quando sentem-se desmotivadas sexualmente. Buscam apoio em amigas, profissio-nais da área de saúde, como psiquiatras, psicólogos ou mesmo gi-necologistas. Raramente abrem-se com os parceiros por se sentirem ameaçadas na estabilidade os relacionamentos. Muitas vezes, ado-tam a velha postura de “luta ou fuga”. Ou seja, ou combatem o problema insistindo na relação sexual, mesmo não prazerosa, fin-gindo orgasmo, (o que deixa o parceiro de fora da realidade e ex-cluído como apoio), ou fogem do contato sexual como o “diabo foge da cruz”, queixando-se de dores de cabeça, cansaço e irritação, (evitando o apoio do parceiro, que geralmente sente-se rejeitado). Muitas vezes o problema é deslocado para o companheiro, encarado como o “inimigo”, responsável pela perda do desejo. A depressão é conseqüência freqüente e o desajuste conjugal é o passo seguinte
Mas o que é isso? Chamamos de Desejo Sexual Hipoativo (DSH) a esse transtorno sexual que acomete, em média, 35% da população brasileira. Caracteriza-se por uma diminuição ou ausência completa de fantasias eróticas e de desejo de ter atividade sexual. Há dificuldades no envolvimento com o parceiro, pois este queixa-se de falta de intimidade ou reciprocidade.
E diminui por quê? Vários fatores podem determinar o DSH. Dentre os fatores orgânicos, devemos dar atenção a desequilíbrios hormonais. O aumento de prolactina, a diminuição de testosterona ou de es-trogênio, podem causar uma baixa im-portante da motivação sexual. Várias medicações já estão disponíveis para lidar com esses problemas, como os hormônios de reposição ou drogas que restituem o equilíbrio hormonal. Quando há infecções na vagina ou nó-dulos, a melhora destes quadros, com tratamento apropriado (antibióticos, a-nalgésicos, lubrificantes, tratamento ci-rúrgico), restaura o desejo sexual. Ou-tro grande fator de diminuição do dese-jo é a depressão. Quadros de intensa tristeza e sentimentos de me-nosvalia acabam com o apetite sexual. O tratamento desses trans-tornos com antidepressivos pode restaurar o prévio desejo sexual. Infelizmente, grande parte dessas medicações pode provocar efeitos colaterais sexuais a curto e a longo prazo, como diminuição do desejo, impotência, retardo da ejaculação e anorgasmia. Por essa razão, o tratamento de depressão deve ser ministrado e acompanhado pelo psiquiatra. Existem algumas medicações que podem ser prescritas como “antídotos” para esses efeitos colaterais sexuais. Dessa forma, a pessoa pode se beneficiar do tratamento para depressão, sem prejudicar sua vida sexual. Os fatores sociais e psicológicos têm muito peso no Desejo Sexual Hipoativo.
A forma de criação das mulheres nos países ocidentais, com muita repressão e influências culturais negativas no que tange à sexualidade, trouxe profundas conseqüências para a vida senti-mental e sexual feminina. A mulher não é tão estimulada a se ver, a se tocar e a se conhecer sexualmente quando comparada ao ho-mem. Educava-se para não permitir que a sexualidade feminina viesse à tona. Após a revolução sexual dos anos 60, houve uma tentativa de inversão desses valores. No entanto, busca-se ainda hoje um meio termo, um equilíbrio para a real identidade feminina.
É comum o conflito entre ser uma mulher maternal e também sexual, como se fossem funções incompatíveis. As queixas de bai-xa libido e depressão não são raras após o parto. O casal pode co-meçar a se desajustar mesmo durante a gravidez. A mulher passa a se ver e a ser vista como um ser idolatrado, puro, destituído de atrativos sexuais. Passa a negar o lado sexual em prol de ser mãe. Situações traumáticas de abuso sexual, mensagens anti-sexuais durante a infância, culpas, comportamento sedutor por parte dos pais, dificuldade em unir amor com sexo em si mesma (esposa X prostituta), raivas entre o casal e competição temida com o pai ou mãe, entre outras, são fontes de baixa libido nas mulheres.
Possíveis soluções: O DSH é uma das disfunções mais difíceis de se tratar, pois geralmente acomete o indivíduo por longos anos, dado que as pessoas resistem muito em procurar ajuda. É fre-qüentemente originado por fatores psicossociais, sendo os raros casos de organicidade encaminhados para especialistas. Grande parte das mulheres pode beneficiar-se de reeducação sexual, visan-do a informação e a permissão sexual. Ou seja, muitas mulheres não aprenderam a se aceitar sexualmente e a se conhecer, devendo passar por um processo de reeducação sexual a nível de consultório. É o que chamamos de terapia cognitivo-comportamental. Outras apresentam problemas mais profundos de auto-estima, de culpas e de repressões. Para esses casos, a psicoterapia de orientação ana-lítica e/ou o psicodrama podem ajudar significativamente.

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