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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


A cultura
de um povo


Içara por sua peculiaridade historicogeográfica possibilitou a fixação dos povoadores lusoaçoria-nos, desenvolvendo uma cultura típica que permaneceu quase intacta ao longo de mais de um século de existência, desenvolvendo uma economia de subsistência: agricultura, pesca e o artesanato funcional de agulha e linha, cestarias e teares. Além das atividades socioeconômicas, a fé e a sabedoria popular foram os alicerces para a prática de vida, desenvolvida no quase isolamento em que viveram as localidades litorâneas entre o mar e a floresta.
Somente a oralidade quebrou o anonimato com as cantigas dos Ternos-de-Reis, as apresentações dos folguedos do boi-de-mamão. As danças e os cantares trazidos do alémmar, misturados as crendices,aos causos e aos pasquins de alguns poucos letrados de Içara, divulgaram às novas gerações a este ser e fazer cultural plasmada em nossas comunidades litorâneas.
Pois bem, hoje já temos estudos, inclusive com dissertação de mestrado em uma Associação Cultural Açoriana Içarense; Academia Içarense de Letras e de Artes; e, em contra-partida uma festa que divulga a etnia açoriana como carro chefe. É a costumeira Festa da Tainha revestida de novos valores, organizada no coração das comunidades de base açoriana de nosso município. Mas o que nos causa estranheza, e está sendo cobrado entre nós, idealistas e participantes do fazer sociocultural açoriano, é não sermos convidados para participarmos da festa.
Sempre que houve eventos no Centro de Içara éramos convidados. Até mesmo na Festa de São Donato, quando há a presença das diversas etnias colonizadoras do município, fomos convidados a participarmos das festividades.
As localidades que festejam o seu padroeiro nos convidam com nossos modestos cantares ou danças. Forquilhinha, sempre nos convidou para a Festa das Etnias. Estamos pensando se o que nos colocou na geladeira e não nos reconhece como grupos formados, registrados e ativos. Será a mudança da coordenação do departamento cultural, da comissão da festa, ou da ad-ministração municipal? Mas o certo é que estamos esperando uma resposta.
O livro “O saber popular: mitos ritos e folclore”, é direcionado a uma cultura formadora da população desta localidade festiva e as pesquisas são genuina-mente içarense. Não sei por que o saber e o fazer de outros municípios é mais interessante do que o nosso ser e fazer autêntico içarense e rinconense.
Pois bem, nós da ACAI Associação Cultural Açoriana de Içara, da AILA Academia Içarense de Letras de Artes estamos no aguardo de uma resposta da comissão organizadora da Festa, especialmente da manifestação açoriana, o que não aconteceu até hoje
Em outro evento estadual, o AÇOR, também nos deixou de fora do evento. Como nos calamos, o fato acabou se repetindo. Hoje não queremos e não podemos silenciar, pois achamos que respeito é fundamental.
Parodiando o sábio da cultura popular catarinense, Franklin Cascaes, digo: só amamos aquilo que conhecemos, e se ainda não conhecemos, precisamos ir em busca para sermos autêntico e fazermos as coisas com sabedoria. E garanto que já temos no município de Içara uma boa contribuição bibliográfica, é só consultar nas nossas livrarias e elas com certeza fornecerão os nossos subsídios.
Por fim, apelamos para a Câmara Municipal que nos deu o aval de utilidade pública, que estamos requerendo um espaço, se possível.
Até a próxima semana com mais um assunto da nossa terra, nossa gente.

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