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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

COLUNISTA - Walterney Réus

Lavando o coração!!!!

Você, leitora, leitor, já percebeu que por mais que digamos que não, por mais que, perguntados individualmente, digamos valorizar o conteúdo, o que vale, mesmo, é a aparência? Ora! Se dizemos no particular que valorizamos o interior, porque cargas d´água que coletivamente o que vale é a aparência? A resposta é tão simples que dói: no fundo, é a aparência que conta, que pesa. A suntuosidade sempre foi critério indissociável de VALOR e, principalmente, poder. Vinculamos de tal forma a aparência ao valor intrínseco que até nos cemitérios a competição é pela grandiosidade do jazigo.
Não precisamos dizer o quanto esse critério de avaliação tem sido falho e, pior, tem levado a comunidade humana a imensos prejuízos evolutivos. E olha que não faltaram lições de todos os cantos da terra, de todas as bocas iluminadas, advertindo que a melhor lanterna é a que acende de dentro para fora. Para o mundo cristão, a maior advertência vem da boca de Jesus. Depois de desmascarar mais uma vez o farisaísmo dominante, ele chama o povo para que se acerque dele e dá a seguinte lição: Escutai e compreendei bem isto: não é o que entra na boca que enlameia o homem, mas o que sai da boca do homem. O que sai da bo-ca parte do coração, e é o que torna o homem impuro; porque é do coração que partem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias e as maledicências; estão aí as coisas que tornam o homem impuro, mas comer sem ter lavado as mãos não é o que torna um homem impuro.
Tudo neste mundo está atrelado a uma regra natural. Uma delas diz que quando falamos a verdade, simplificamos, e quando pretendemos iludir, falsear, complicamos. Cristo simplificou ao dizer que o problema/solução não está no mundo que nos cerca, está no mundo que carregamos, no mundo interior, pois é deste mundo que partem as ações, as práticas, os resultados palpáveis, sensíveis. Jesus semeou a transformação moral através de ações do cotidiano, por isso são ações viáveis, por isso o evangelho é viável.
Observe bem, leitora, leitor; veja que mundo, que jardim vai no seu coração. Em verdade, disseminamos mau humor, maledicência, desolação, prejulgamentos, raivas, lamentos, ciúmes, invejas, construindo uma atmosfera mental asfixiante, torturando nosso próprio reino, maltratando nosso jardim.
Um jardim que foi tomado por mato, continua jardim, mas dará mais trabalho para ser limpo. Será necessário arrancar touceira por touceira, daninha por daninha. Para isso, não teremos alternativa senão viver intensamente o dia que corre. Como jardineiro zeloso devemos agachar ao lado de cada inço (vício) e usar todo nosso esmero, toda nossa atenção e qualidade técnica para, como diz o ditado, arrancar o mal pela raiz.
A questão que pega é: COMO FAZER ISSO?!?! A solução (sempre lembrando que toda solução precisa ser adaptada ao mundo íntimo de cada um) passa, de novo, pela orientação evangélica, que eu batizei de VOB, por exercício de nemotécnica (lembram da nemotécnica que aprendíamos em cursinhos nos anos 80...hei anos 80, charrete que perdeu o condutor...rs...pulei para Raul Seixas).
VOB são iniciais para Vigiar, Orar e Buscar. Vigiar nos remete à idéia de olhar para fora, para o inimigo externo. A questão é que o Cristo nos advertiu para vigiarmos a nós mesmos, o que parte de nós; Orar é ato de contrição, de interiorização, de meditação sobre nosso ser e, mais que tudo, de humildade, condição essencial para estar apto a receber. Orar é vincular-se ao Pai, sentir-se assistido e confortado, não importa o grau de culpa, de vergonha, afinal, o Cristo afirmou: Eu não vim pelos sã-os, mas pelos doentes.
Por fim, Buscar reflete ação. Ação é verbo. Verbo é alma do latim anima, e do grego pneuma, ambas significando SOPRO, PRINCÍPIO VITAL. Portanto, buscar os valores da vida é o que dá sentido, combustível à própria vida. Buscar é integrar-se à vida, é sentar calmamente no jardim interior e, com atenção, tirar cada touceira, cada inço, até o dia em que olhamos e dizemos: Puxa, esse jardim, sou eu!
Até a próxima semana com mais um assunto!!!

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