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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas em Crônicas (29)

Na década de 30 a Nova Escola ganhou força. Os novos teóricos viam num sistema estatal de ensino livre e aberto o único meio efetivo de combater as desigualdades sociais. Em 1932 houve o Manifesto da Escola Nova e entre os nomes de vanguarda estavam além de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, a professora e poetisa Cecília Meireles cujo ideal se estendeu por décadas, ainda que criticada pelos defensores da escola particular e religiosa. Mais tarde Florestan Fernandes e Dar-cy Ribeiro aderiram ao movimento da Escola Nova, dando grande contribuição.
Entre 1940 e 1950 aconteceu a Defesa da Escola Pública com origem nas discussões da aprovação da primeira LDB (Lei de Diretriz de Base). Florestan Fernandes publicou na época, vários manifestos divulgando o interesse das escolas particulares e das instituições religiosas que pretendiam ter direito de reembolsar verbas do Estado.
O deputado Carlos Lacerda se pôs em defesa das escolas privadas e instituições religiosas com um Substitutivo no Congresso, que acabou sendo aprovado.
Vale lembrar a contribuição dos ideais de Florestan Fernandes que acreditava que a educação deveria ser para os alunos uma experiência transformadora que desenvolvesse a criatividade, dando condições de se libertar da opressão social. Mas para que tal acontecesse, a escola deveria deixar de reproduzir os mecanismos de dominação.
Paulo Freire fez na educação a sua vida profissional e coordenou o Plano Nacional de Alfabetização do Governo Goulart até o golpe militar, quando foi preso e exilado. O educador dirigiu a atuação como uma reflexão sobre o significado da educação. Toda a obra do educador é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo.
Freire afirma que é impossível pensar em linguagem sem ideologia e sem poder, razão para que o e ducando aprenda a ler a realidade para em seguida poder reescrever esta realidade. Paulo Freire é o teórico inserido na proposta de ensino catarinense e é importante lembrar as três perguntas que ele dirigiu aos professores:
- Como posso eu continuar falando no respeito à dignidade do educando se o discrimino, se o inibo com minha arrogância?
- Você professor, tem a preocupação de agir na escola de acordo com os princípios que acredita?
- Costuma analisar as próprias atitudes sob esse ponto de vista?
Para Freire a coerência do papel no professor é de suma importância. Ele argumenta que não é possível adotar diretrizes pedagógicas de modo conseqüente sem que elas orientem à prática até os aspectos mais corriqueiros.
Em décadas de silêncio de pensadores brasileiro, importamos concepções e experimentamos práticas pedagógicas.
O que me encanta mais é pensar nas inteligências múltiplas e, parodiando Gardner: o escritor imita a criança que brinca, cria um mundo de fantasia que leva a sério, embora o separe da realidade. Assim, é possível deduzirmos que existem várias aptidões além do raciocínio lógico matemático.
A educação precisa justificar-se realçando o entendimento humano.
E pensando na realidade dos dias letivos, encontro professores engajados e comprometidos com o ensino/aprendizagem. Eles vão além da sala de aula e viajam pelos meandros da vida do aluno. Em cada ano novo ele dá novas vestes ao olhar para sentir o novo, o importante, e a prontidão na missão de educador. Este pode, com certeza responder as três interrogações de Freire, pois é o professor que trabalha e vive em coerência com a missão. Ele é o mestre... parabéns!

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