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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

COLUNISTA - Elza de Mello



Aquém dos trilhos Vidas em Crônicas (5)

Folheio a revista Décima Ilha Açoriana e me absorvo na leitura. É uma revista semestral e o segundo e-xemplar que é publicado em Porto Alegre.
É sempre um prazer co-laborar com o Instituto Cultural Português, sabendo que é um centro Luso Brasileiro de Estudos e Pesquisas da presença lu-so-açoriana, etnia pioneira da imigração européia no sul brasileiro.
Participar dessa revista é uma forma de participar da cultura de base açoria-na. Ainda que esteja lon-ge de minha cidade, Içara, e um pouco distante de Santa Catarina, mas a possibilidade de me integrar com grupos de professores e idealistas que trabalham o amor telúri-co e a preservação de nos-sa cultura familiar me dá muitas alegrias.
Colaborar com textos: poemas, crônicas, artigos, entre outras parti-cipações sobre a cultura do povo içarense é, para mim, um gesto de carinho de nos-sos vizinhos riogran-denses. É o reconheci-mento de que nossas raí-zes ancestrais brotam da mesma cepa.
As páginas principais da revista trazem as salas açorianas e as atividades.
Os municípios de San-to Antônio da Patrulha, Osório, Tramandaí, Tri-unfo, Rio Pardo, Taquari tiveram as salas açorianas fundadas entre o anos 1991/1993. Em 1997 foram criadas as salas em Porto Alegre e Alegrete e em 2004 a sala de Cabará do Sul. Esta última foi convidada para repre-sentar a Assembleia Le-gislativa durante as co-memorações estaduais da Semana Luso-brasileira, em 2010.
Em seguida vem biografias de ancestrais açorianos, entre eles João Dor-nelles e a esposa Cathari-na Ignácia, casais de nú-mero, ou casais d’el Rei, ou seja, famílias trazidas por conta do reino e que se destinavam a ocupar a região missioneira, rece-bida dos espanhóis em troca da Colônia do Sa-cramento. João e Cathari-na nasceram na Ilha Ter-ceira, em Açores.
Em três gerações suces-sivas nasceu Getúlio Dor-nelle Vargas, descendente de Maria do Rosário, a primogênita do casal Jo-ão e Catarina. José, o segundo da família é um dos ancestrais de João Belchior Marques Gou-lart, ex-presidente Jango.
É importante lembrar que os açorianos que foram ocupar as terras no Rio Grande do Sul passa-ram pelo Desterro, Santa Catarina, e tiveram ligações com nossa gente.
Quase sempre se encontra raízes familiar, en-trelaçadas nesse emaranhado de nome e de so-brenomes. E ao visitar São José do Taquari, ber-ço e túmulo dos Dornelles está se entrando em uma história cultural muito importante para a família e também para a nação brasileira. Vargas tinha orgulho de mencionar as suas origens açorianas.
O mesmo orgulho do povo gaúcho há no povo içarense, em quem se de-dica em escrever a sua história, cultivar a tradição, entender usos e lin-guajar popular de base açoriana sem se sentir diminuído. Içara tem uma boa pesquisa já escrita e descrita e, se não há o re-conhecimento de um tra-balho tão elaborado e fi-dedigno, outros municí-pios e até mesmo outro Es-tado reconhece.
Somos aves com a mes-ma plumagem, amamos o que somos e valorizamos o que temos. Cada pessoa içarense é para nós, pesquisadores, um monu-mento vivo que reforça a participação social atra-vés do fazer e do viver.
Por mais simples que seja a vida e por mais singela a ação social, ela é u-ma pedra fundamental na construção social do nosso povo, e no desenvolvimento de nossa terra.

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