COLUNISTA - Edna BENEDET

Mulheres
Negras


Em alguns artigos desta coluna, escrevi sobre a dis-criminação da mulher em nossa sociedade, mais não poderia jamais deixar de escrever, sobre as mulheres negras, pois para elas, o preconceito e a discriminação social são mais gritantes.
O nosso País que se favoreceu tanto com o trabalho escravo, colocou a margem da história e da sociedade o negro, que após a abolição da escravatura, passou a viver na miséria, sem trabalho e sem possibilidade de sobrevivência em condições dignas.
Ser mulher e ser negra significa ser alvo de um duplo preconceito, o de gê-nero e de raça.
Ao longo da his-tória, esse duplo preconceito, justifi-ca o lugar mais des-valorizado e com pior remuneração que as mulheres negras ocupam no mundo do traba-lho, sendo que a média nacional em salários mínimos, as mulheres brancas ficam com 3,6 a as negras com apenas 1,7.
No que se refere a escolaridade, pesquisas revelam que entre as mulheres negras com 15 anos ou mais, a taxa de analfabetismo é duas vezes maior que entre as brancas, no que tange ao trabalho doméstico infantil, 75% das trabalhadoras são meninas negras.
As mulheres negras com baixa escolarização com-põem um enorme número de empregadas domésticas ou funções assemelhadas. As mulheres negras com formação até segundo grau têm uma trajetória profissi-onal no mercado de trabalho, bem diferenciada das mulheres brancas com a mesma formação.
Assim, se analisarmos os números tanto no mercado de trabalho, educação, saúde, violência doméstica, ou qualquer outro, vamos concluir que os reflexos da escravi-dão, do preconceito e da discriminação ainda são compo-nentes na marginalização social que as mulheres negras são submetidas. A mulher negra precisa ser valorizada e respeitada em nossa sociedade, com condições dignas de trabalho, com salário justo. Ser valorizada e respeitada, principalmente pelas suas qualidades como ser humano e pelas suas capacidades intelectuais.