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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Colunista Elza de MELLO

Aquém dos trilhos Vidas em Crônicas (30)

Nos dias atuais os acontecimentos são divulgados com muita presteza. Tão logo as coisas acontecem, já ficamos sabendo. Um tempo aí atrás as coisas eram demoradas, os dias pareciam mais longos; igualmente os meses e os anos. É claro que há muita diferença entre a velocidade de um carro de bois para a velocidade atual, medida em velocímetros de carros, e aviões. Essa é uma das razões para que o novo se torne obsoleto em tão curto espaço de tempo. E, como um assunto puxa outro, ouço a fala do prefeito de nossa terra e de nossa gente e fico a pensar nas voltas que o mundo dá. Impossível não pensar, não refletir as palavras do locutor Charles Cargnin, da Rádio Difusora, e o chefe do Executivo. Então chego à filosofia... busco Platão.
Platão exemplificou muito bem a ideologia no mito da caverna e, para um bom entendedor, meias palavras bastam. O que foi básico em direcionamentos políticos na gênese do município de Içara, já não é tão importante quanto hoje, aos cinquenta anos de emancipação do nosso território municipal.
Alguns dos presentes, no governo ou na formação intelectual de Içara, já saíram fora da caverna e observaram que há muito mais que as sombras, reproduzidas pelo fogo que arde lá fora, e que é vista apenas como sombras pelos que ainda estão acorrentados e de costas para fora da caverna. E assim, a ideologia da cegueira já deixou de fazer parte do seu consciente humano. E porque os acorrentados ainda não sabem de nada, o que já saiu fora da caverna, vai tentar descrever maravilhas trazida por ele e, convencendo-os de que é mais conveniente permanecer acorrentados e fora de qualquer perigo.
E assim os crentes do mito da caverna continuam submissos ao ousado que venceu o perigo da ofuscação de outras visões, até o dia em que ele encontra alguém lá fora e trava-se o combate. Sozinho, ele está a mercê do adversário que já tem um grupo unido. Então ele sente a falta daqueles que ainda estão na caverna e não podem ajudá-lo. Se falar em levá-los para o combate, eles presos à sombra da realidade e medrosos, poderão, até, voltar-se contra ele. Não serão parceiros na hora do grande embate. Então só lhe resta juntar-se ao grupo lá de fora, e submeter-se a sua tirania. Afinal, os fracos são dominados pelos mais fortes.
Mas, se logo que ele fosse lá fora e dominasse a luz e as novas realidades, voltasse para levar outros companheiros, e assim, convencesse-os um a um a lhes acompanhar, ele teria um verdadeiro exército ao seu lado. Quando encontrasse outro grupo, seria forte para medir forças (e até vencê-lo) e não se deixar sucumbir pelo inimigo. Isso seria promover a verdadeira ética política, trabalhar pra o bem de todos. Poderia fortalecer o seu grupo com olhares para novos líderes, aqueles que tivessem a possibilidade de convencer novos exploradores para missões fora da caverna. Certamente não foi um único ousado que foi em busca da emancipação do município de Içara.
Mas naquele momento, o que falou mais alto foi a vontade de emancipá-lo e não o posicionamento partidário.
Depois, para governar Içara, os grupos sempre foram bem definidos: situação e oposição. Cada um com trabalhos bem elaborados dentro das cavernas ideológicas de cada sigla partidária, com certeza! As campanhas sempre foram acirradas. E este mito está aí, atravessando gerações e determinado poderes e poderosos que possam movimentar as sombras projetadas para os acorrentados.
Creio que só os ousados, libertos do mito da caverna, que não se enquadram em um ou outro grupo, tidos como inconvenientes, são capazes de descrever com veemência toda a barbárie que a ânsia do poder pode provocar; de Nero (Roma) a Hitler (Alemanha).
Até a próxima semana com mais um assunto de Nossa Terra de Nossa Gente.

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