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quarta-feira, 10 de março de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello

Nuances de Vidas em Crônicas (31)

Desci a Rua Altamiro Guimarães no entrocamento com a Rua Sete de Setembro, no Centro de Içara. Logo avistei a casa onde moravam meus cunhados: Alaíde e Neusi Fernandes.
A residência, agora um escritório de advocacia, parecia sonolenta aquele início da tarde ensolarada e quente. Senti saudades da família, especialmente das crianças que sempre estavam indo e vindo da rua. As novidades sempre entravam rápidas naquela casa cheia de movimentos, cheia de vida.
Hoje, as janelas já não abrem de par em par para mirar o movimento da rua. A horta não é mais plantada, mas as saudades ainda são latentes quando passamos pela rua. Assim é a vida, segue o seu curso indiferente aos que se foram e aos que ficaram.
Um pouco mais à frente avistei a Escola Básica Salete Scotti dos Santos e meu pensamento trouxe para ao presente meninos e meninas do meu tempo rumo às aulas. A rua se revestia de crianças que buscavam no ensino a projeção de novos tempos. Era uma preparação passo à passo para a vida adulta. Acompanhadas pelo olhar protetor da família, as crianças estavam seguras da necessidade de estudar. As famílias com pais mineiros ou agricultores, na maioria, davam espaços aos meninos e meninas para a con-clusão do ensino ginasial. Parece que naqueles tempos não havia tanta pressa para que os filhos complementassem a renda familiar. Um contraste aos dias atuais onde os alunos estão sempre buscando alguma forma de ter um rendimento. Nem sempre é para complementar o orçamento familiar, mas para adquiri os bens de consumo: celulares, digitais, roupas de marca, e outros bens que os jovens privilegiam acima dos estudos. Não há mais o desejo de ser um aluno estudioso e aplicado.
As lembranças e as comparações não me detiveram por muito tempo, pois o cumprimento caloroso, vindo da Márcia Joaquim, proprietária da Loja Petryus me tirou do devaneio. Estava ali a menina daqueles tempos saudosos cheia de vida e de garra no seu comércio. Ela estava ali, na mesma rua, onde tantas vezes buscou o caminho do Colégio Antônio João, hoje EEB Salete Scott dos Santos. E então percebi que a mudança está para a vida, como a vida está para as mudanças. É um fato tão natural como são as lembranças de tempos passados.

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