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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas em Crônicas (56)

Diariamente os meios de comunicação apresentam comerciais que procuram vincular um sentido através de emoções e valores, status e vantagens, estilo e beleza, sedução e erotismo, aos produtos anuncidos. As pessoas por meio desses instrumentos aprendem a consumir novos produtos ou a manter a fidelização aos já conhecidos e consumidos. E se o produto é desconhecido e de difícil aquisição, como produtos da tecnologia atual, há uma intensa campanha dirigida a população mundial. O resultado é a transformação do planeta numa aldeia global dado aos complexos industriais gigantescos. E o final do processo tecnológico foi o entendimento do significado de qualidade de vida que se entende atualmente como o máximo de satisfação das necessidades básicas: alimentação, moradia, vestuário, saúde, relacionamentos. Seguem-se as necessidades secundárias que estão relacionadas aos sentimentos de valorização, autoestima: educação, segurança, dignidade, estética, beleza, criatividade, entre outras necessidades que estruturam o narcisismo positivo de uma população.
E quando o consumismo é a busca para preencher insatisfações como a baixa autoestima e o vazio próprios do narcisismo negativo, os produtos são oferecidos como promessa de felicidades. Um exemplo claro tem sido a propaganda e o estímulo para a aquisição da beleza eterna, do corpo perfeito segundo o esteriótipo de beleza. Outra busca é voltada ao modelo perfeito, o super-herói seguido do prazer virtual e o devaneio para as drogas. E assim, o estudo sobre as necessidades humanas nas diversas fases do desenvolvimento tem sido objetos de pesquisas.
A fase humana de maior atenção há algumas décadas é a criança. Há um apelo muito grande dos fabricantes e dos publicitários com o brinquedo educativo, o programa de televisão adequado, as escolas adaptadas a esta ou aquela metodologia ou teoria, a medicação mais eficiente, etc.. o mesmo vem acontecendo com os adolescentes que têm si-do merecedores de empenho para compreendê-los desde a educação até a sexualidade. Os shoppings têm se preocupado em oferecer lojas atrativas e serviços envolventes. Mas uma questão crucial precisa ser observada e, se possível resolvida. Diante de tanta sedução, onde fica a criatividade humana? Se passarmos a ser apenas consumidor, como ficará o vazio existencial depois dos quarenta? Sabemos que a população dessa faixa etária ainda cultiva valores básicos como a leitura convencional. Se perguntarmos aos adolescentes, eles nos responderão que livros é coisa do passado. O adolescente gosta mesmo é da leitura virtual, das pesquisas na net, do bate-papo virtual e outros tantos apelos tecnológicos. É uma verdade. Eu vejo professores encaminhar os alunos para as pesquisas na net e darem notas (até ótimas) para recortes de textos sem nem mesmo compreendê-los. Muitos resumos e interpretações são retirados e colados sem o aluno ao menos abrir o livro e ler um só parágrafo. E então eu me pergunto: como será o futuro desses alunos, sobretudo porque eles serão profissionais. Como fica um professor que não lê, não se informa, não aprimora o conhecimento sistematizado? Como o médico vai trabalhar com a vida humana, as diversas possibilidades de curas, a evolução da medicina além dos recortes que pesca na mídia? Como um engenheiro irá aprimorar o conhecimento embasado na experiência do construtor e na gama de recursos que a tecnologia moderna põe e dispõe na velocidade vertiginosa da era tecnológica. E o advogado que não tiver o hábito da leitura, como ficará diante de tantos adendos e emendas de leis? Ainda penso que leitura é fundamental. Pois bem, a feira literária está em andamento na cidade de Criciúma. A AILA – Academia Içarense de Letras e Artes, engajada com a cultura do içarense está participando do evento. Somos trabalhadores e não somos dispensados e nem recebemos recurso alguma para participarmos. Porém, cientes de que a cultura de um povo fica registrada na escrita, buscamos estar em espaços onde nos acenem com um convite para a nossa participação e, sobretudo onde possamos mostrar o nosso fazer literário. Pena que não possamos fazer com tanta frequência, pois nosso município é alheio ao nosso amor pela literatura. Parece que não há espaço na cultura municipal para a literatura, embora o içarense seja um povo tão criativo. Mas, fazer o quê... Continuamos sonhando e participando com quem nos acolhe. A agenda é rica e até sábado Criciúma fala de literatura e acolhe os escritores que lutam pela vida da literatura como o maior registro cultural de um povo. E nós, da AILA, estamos entre eles...

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