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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Colunista Elza de MELLO

Aquém dos Trilhos Vidas em Crônicas (32)

Mais um dia de Finados se apresenta ao calendário e, conforme o nosso costume cristão, nos convida a visitar o cemitério, limpar as lápides que mostram os devidos ocupantes, a nos envolvermos com o mistério da morte. E, como não poderia ser diferente, ao nos depararmos com novos ocupantes, exclamamos com pesar: puxa, fula o (ou fulana) já faleceu? Não há como não refletir sobre o sentido da vida nessa época do ano. Até porque a morte tem inúmeras significações. Vista como libertadora das penas e preocupações, ela é um fim em si. Ela abre acesso ao reino do espírito, a vida verdadeira. Mas essa afirmativa não impede que o mistério da morte seja tradicionalmente sentido como angustiante. Talvez o mais angustiante seja as saudades eternas que um ente querido nos deixa. Não tê-lo entre nós, não vê-lo, não tocá-lo é o mais angustiante para um filho, um pai, um irmão, um amigo...a morte nos deixa uma eterna saudade.
Mas falando do dia dos finados em nossa cultura, ele é um dia de encontros dos que ficaram com a memória de nossos finados.
Lembro que meu pai visitava o cemitério de São Jorge, em Lagoa dos Esteves, no dia 2 de novembro, religiosamente. Sabíamos que ele tinha os pais sepultados ali. E era comum os sobrinhos e parentes cumprimentá-los. O assunto preferido desse dia, época que antecedia em dias as eleições, era sempre o político. Alguns, até, pediam-lhe conselho em quem votar. E eu me questionava sobre um assunto tão fora da realidade – Dia dos Mortos. Só há pouco tempo entendi o significado do Dia de Finados e pude observar que, na verdade, é o dia em que mais falamos de vida, mais celebramos a vida e mais vamos ao encontro dos que vivo então. E se tememos a morte, é porque ela é introdutora de um mundo desconhecido e podemos afirmar que há em si a revelação e a introdução. Ao desmaterializar, ela libera forças de ascensão do espírito. Ela é filha da noite e irmã do sono e ambos contém o poder regenerador. Então se visita os mortos e fala-se de vida.
Durante a semana os cemitérios se encheram de movimento e de assuntos diversos. Algumas famílias, que já estão afastadas de sua comunidade natal, esperam pela data para um retorno. É comum observar nos cemitérios de São Sebastião de Urussanga velha as famílias Cabreira, Silva, Figueira, Goulart, Vieira, Rosa, Teixeira, Pereira, Ferraz; entre outras. No cemitério de São Jorge há a visitação das famílias Silva (Estevão e Fortulino), Vianna, Nascimento, Vieira, Mello, Oliveira, Ferreira, entre outras. Vila Nova centraliza as localidades de Sanga Funda, Barracão, Jussara, Espigão. Outros cemitérios de localidades como São Rafael, Boa Vista, Pedreiras, Esplanada e o Centro de Içara reúne todas as famílias. É o cemitério que guarda as memórias de famílias em sua dor final, a despedida inevitável e mais dolorida que se tem em toda a vida. Não há quem possa deixar de passar por este momento de lágrimas, pois, todo o ser humano coexiste com morte e vida. Içara, aos cinqüenta anos de emancipação político administrativa reverencia os seus mortos entre as saudades dos familiares e o reconhecimento da colaboração na construção de nossa terra e na formação de nossa gente. Que saibamos elevar uma prece aos que nos antecederam na construção de nossa bela e prazerosa Içara.
Até a próxima semana com mais um assunto de interesse dos içarenses.

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