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quarta-feira, 25 de março de 2009

COLUNISTA - Élza de MELLO: A cultura em todos os tons (3)

E porque a literatura é o registro de todo fazer cultural. Quero, no dia de hoje, registrar o evento socio-religioso do último domingo, a festa de Santo Isidoro, em Vila Nova, na Paróquia São Miguel. E porque Santo Isidoro é cognominado o padroeiro dos agricultores, a festa vai além de uma celebração religiosa. Ela toma ares e feitos culturais arraigados desde os primórdios da colonização de nossas regiões litorâneas.

Uma festa era a possibilidade de um encontro familiar, expressão de valores e valoração comunitária. Ali se mostrava a organização dos fabriqueiros, a fé no Santo através das prendas ofertadas, na maioria das vezes, como votos por graças alcançadas. Um evento socio-religioso que trazia pessoas de longe, até famílias inteiras que mudaram para outros lugares e, neste dia festivo voltavam para o encontro social com familiares e amigos. É uma tradição ainda hoje cultivada nas localidades rurais.

A festa de Santo Isidoro mostrou em todos os tons a tradição agrícola de meu município. Ainda que as indústrias tomem espaço no município (e isto é muito positivo), que o comércio venha deslanchando a vertente econômica e satisfazendo aos consumidores quase na totalidade, que a atual administração denomine a cidade como a “mais doce do Brasil”, devido a comercialização do mel, creio eu que o município é muito produtivo na área rural. As mãos calejadas que aram e plantam as terras içarenses, trazem para o município uma contribuição incalculável, mesmo que as administrações não o percebam no seu fazer progressivo e ordeiro de sua labuta.

Na festa de santo Isidoro, especialmente na semana festiva, com a demonstração dos valores do homem do campo em celebrações bem animadas, e em shows de valores, houve a mostra de uma cultura centenária e singular em nosso município içarense. As prendas, novilhos e outras ofertas, deram o toque da presença dos fiéis e devotos, nos arremates, tão tradicional das festas rurais.

Pois bem, no domingo, quando a procissão chegou à frente da Matriz, trazendo a imagem do padroeiro, foi esplêndido. Mais de oitenta tratores, dirigidos na maioria por jovens, lotaram a praça São Miguel. O povo acolheu em sua chegada e, entre cânticos e salvas de palmas, entronizou-o no interior da igreja, onde seu lugar a tantos anos está preparado. A missa, celebrada pelos padres Eloir e Silvestre, teve a participação de agricultores em sua totalidade. Até mesmo o representante da administração municipal, o vice-prefeito José Zanolli, sabe o que é a vida de um agricultor, pois viveu a infância e a juventude na agricultura. E a homilia do padre Eloir reforçou o ideal de ser agricultor consciente de seu valor e, sobretudo do que produz – o alimento, que é fonte de vida. A frota agrícola particular foi abençoada pelos padres, uma tradição milenar e esperada como auspiciosa por todos nós de tradição cristã, especialmente da Igreja Católica.

Depois da missa, foi servido o almoço no salão e as pessoas sentaram às mesas comunitárias para a refeição. Um fato raro entre as famílias rurais. Almoçar fora de casa, só se for um passeio famíliar, ou em uma festa. Mas o almoço daquele domingo era mesmo muito especial para os devotos de Santo Isidoro, especialmente às famílias agricultoras de nossa Paróquia que fazem da atividade econômica uma razão para cuidar da terra, bem divino que empresta ao homem do campo a sobrevivência em troca do trabalho cuidadoso e respeitador para com a natureza. É emocionante para quem sabe agradecer as Dádivas Divinas, e vive o presente preparando a construção do Reino de Deus.

Festeiros, CAEP, padres e todo o povo vilanovense, vocês estão de parabéns por promoverem manifestações socio-religiosas saudáveis e saudosas de nossa cultura e de nossa gente.

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