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sábado, 15 de agosto de 2009

ESPAÇO LIVRE - Pessoas não são “casos” nem “números”

Opinião: todo mundo tem uma...

Parabéns aos prefeitos de Içara e de Criciúma pela atitude corajosa, oportuna e, acima de tudo, humana, de suspenderem as aulas, evitando o aglomero nas salas de aula e nos ônibus que conduzem os alunos até as escolas. Alguns pais e mães mais conscientes já não estavam mandando os filhos para as escolas que registravam, em alguns dias, mais de 50% de alunos faltantes em função de sintomas da gripe.

Sinceramente, não se sabe o que no deixa mais apavorados, se é o medo de sermos infectados pelo vírus H1N1 ou se são os absurdos que se ouve por aí, alguns de pessoas pouco esclarecidas, outros de pessoas bem esclarecidas, mas com interesses duvidosos. Em ambos os casos, os absurdos ditos são apavorantes:

"esse vírus foi inventado em laboratório para vender máscaras, álcool em gel e esse tal de Tamiflu";

"essa Gripe A é igual à gripe comum";

"a gripe comum mata mais que a Gripe A";

"essa gripe não tem nada a ver, as pessoas estão se apavorando à toa";

"o que é que tem a ver o álcool em gel com gripe?!";

Os alunos com sintomas de gripe vão para a escola e dizem "ah, não é Gripe A, é só uma gripe comum!"

E ainda: "não adianta de nada suspender as aulas, as pessoas podem pegar a gripe em qualquer lugar";

E pior: "se tiver que pegar, vai pegar e pronto!" - ou seja: pegar Gripe A é destino.

As pessoas deveriam ler mais e assistir mais aos jornais na TV, ao invés de só assistirem às novelas; deixar de assistir apenas ao canal "A", que, muitas vezes, manipula, maquia e não divulga todos os fatos; deveriam, às vezes, assistir ao canal "B", "C", "D", "E"; parar de ficarem repetindo besteiras que ouviram e buscar mais informações.

Pior mesmo é ouvir alguns de nossos representantes tratarem os doentes como "casos", as pessoas infectadas e as pessoas que morreram por causa da Gripe A como "números". Então, é assim: apenas 108 casos, apenas 4 morreram, apenas 8 morreram, e se esses "números" (não pessoas) não representam uma porcentagem considerada, por eles, alta, não há motivo para suspender aulas, por exemplo.

Mas os profissionais que lidam diariamente com a população sabem da gravidade da pandemia, porque veem o crescente número de pessoas sendo infectadas e morrendo. Para uma família que perde um dos seus, a perda é de 100%, porque só temos uma mãe, um pai e cada filho ou filha é único! Vivemos um momento histórico que exige total responsabilidade sobre a vida: a minha, a sua e a dos outros! E não é preciso que haja índices maiores de mortes para que se tomem atitudes. A suspensão das aulas é uma atitude preventiva no intuito de frear a disseminação do vírus. Não é para "resolver o problema"; não para "evitar gastos com reposição de pessoal", nem para "conter gastos com materiais de prevenção".

Pessoas não são números. pessoas não são casos. E as pessoas estão morrendo sim, de gripe, em pleno século 21, em plena era da tecnologia. E não temos vacina. E não teremos leitos suficientes nos hospitais, nem máscaras de oxigênio suficientes se a proliferação continuar ou aumentar nessa proporção que vem acontecendo. É a realidade.

Portanto, parabéns aos prefeitos pela atitude preventiva, corajosa e humana, pelos decretos que defendem a preservação da vida das pessoa, independentemente das "opiniões" que elas tenham. Opinião, todo mundo tem uma. E vida, quantas temos?

Luciana de Cássia Geremias - Mestre em Educação e Cultura, Professora e Mãe

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