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quarta-feira, 31 de março de 2010

COLUNISTA - Elza de Mello


Nuances de Vidas em Crônicas (34)

(...) Mas como José insistisse muito, Juvenal, o filho de Juvêncio aceitou a aposta. A contragosto do pai, Juvenal montou e saiu para a corrida. Mal sabia o rapaz que o infortúnio estava selado naquela aposta.
As pessoas se desdobraram em opiniões. Ambos tinham possibilidades de ganhar, mas também tinham possibilidades de perder. José, ciente da qualidade do Baio, o cavalo de estimação, ainda fez uma piadinha: - ah compadre, que pena! Vou te deixar de canga no chão.
Juvêncio baixou a cabeça e escutou o coro de risadas, mas Juvenal não se deu por vencido e pensou: vamos ver quem vai rir por último. Irritado ele foi para o partidor e amarrou a cola do cavalo do adversário. Juvêncio chegou e desamarrou-a mas não passou despercebida esta provocação do rapaz, e ele resmunga entre dentes:- fedelho, tu não perdes por esperar!
Foi dado o tiro de largada e os cavalos saíram aparelhados. A diferença era apenas de orelha. Os segundos pareceram eternidade para José que em nenhum momento concordou com tal façanha deste ou daquele. Parece que ele adivinhava o desfecho funesto da aposta. Ao final da raia, o resultado foi a vitória de Juvenal. O cavalo venceu por cabeça e a junta de bois estava ganha. Afinal foi a canga de Juvêncio que ficara no chão e enquanto os cavaleiros desmontavam e Juvenal recebia os aplausos.
José foi para casa sentindo como se houvera duelado com o compadre. O filho, embora vencedor seria, dali em diante, o maior perdedor, pois estaria perdendo a paz de espírito. Não... não poderiam aceitar o prêmio em hipótese alguma. Iria falar com Juvenal e tudo ficaria como antes, afinal o jogo poderia ser apenas uma brincadeira. Ele não iria aceitar tamanha perda ao seu compadre e amigo, afinal eram como irmãos.
Quando Juvenal chegou em casa já era bem tarde e a família já estava dormindo. Ele também deitou e dormiu o sono dos justos, um sono recortado por sonhos, e em muitas visões estava a filha do vizinho, uma menina desabrochando para a adolescência, a bela e meiga Ritinha. Menina mimada e prendada, era filha única de José e Jovita que segundo diziam aos vizinhos, era o presente mais valioso que Deus lhe dera. (continua...)

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