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quarta-feira, 15 de abril de 2009

COLUNISTA - Élza de MELLO: A cultura em todos os tons (6)

Ainda falando em cultura, precisamos registrar os escritores da terra, escritores que dão a contribuição para a posteridade. Escrever é deixar um registro pa-ra ser contextualizado por várias gerações. Se as pessoas do “poder” soubessem o valor de um livro, certamente teríamos um mundo bem mais culto.

Não há vestígio mais sólido do que uma obra, quando queremos refletir o passado e planejarmos o futuro. Não foi por acaso que o idealista afirmou que “uma Nação se faz com homens e Livros”. Ler ainda é a forma mais eficaz para se adquiri cultura. A literatura será sempre a alma da cultura. Chega a ser cômico quando um governante fala em cultura e não pratica o hábito da leitura; não valoriza o escritor municipal; não prioriza as bibliotecas dos educandários e a biblioteca municipal.

Há quem fale em Net, divulgue as maravilhas da rede da internet e desconheça a mais simples leitura, repudie o conhecimento da escrita que é divulgada na Net. Se não tivéssemos a bagagem cultural acumulada nestes milênios de escrita, não teríamos o que divulgar na Net.

Abrimos sites vazios, ou cheios de abobrinhas sem cultura, um arsenal acumulado por vivências e construções, um arsenal possível de transmitir no recurso on-line. São Falas sem base, movidas pelo novo sem reflexão, pelo consumismo, modismo e outros “ismos” que confundem e não dão base para novas construções.

Onde iremos buscar pensadores daqui a algum tempo? Teremos saudades de Paulo Freire, Darci Ribeiro, Cruz e Sousa? Seremos apenas saudosistas?

A cultura precisa impregnar os bancos escolares, abarrotar as bibliotecas, convidar a uma leitura de cabeceira. E para tal, a cultura precisa de um referencial sólido conhecido como livro. E só teremos livros se tivermos escritores. E só teremos escritores se soubermos valorizar o fazer de pessoas abnegadas, que deixam de ter um lazer para registrar fatos comunitários que poderão ser lidos e contextualizados na realidade de sua gente e em sua terra.

Não há amor maior que o amor telúrico para um escritor, seja um poeta, um romancista ou um trovador. E quem governa deve ter a sensibilidade de amar o povo e a sua terra como a si mesmo. Ele terá o amor telúrico no seu governo, como o escritor que coloca em letras o sentimento que lhe dá a autoria. Assim, ser escritor é poder traduzir em letras o seu pensamento e de sua gente, registrando ideais e ações para posteridades. Desde aos nossos livros de alfabetização, até dissertações e teses, há uma polifonia infinita para ser analisada, refletida e aplicada em nossa prática de trabalho, ou de vida. Este é realmente um valor cultural.

Há quem questione o escritor local como tendo pouca capacidade. Mas, é como prega o adágio: o profeta não é reconhecido em sua terra. Nunca houve o verdadeiro reconhecimento para alguém que convive com o povo. Muitas vezes vai-se em busca autores ou palestrantes para cursos, ou reuniões, em cidades distantes. Paga-se caro para ouvir conceitos ou discursos que temos com fartura em nosso município, ou em nossa comunidade. Isto vem reforçar a inconsciência de dirigentes e educadores para com as pratas da casa. Muitas mensagens poderiam ser bem mais diretas e convencionais se houvesse a valorização de nossos pesquisadores e escritores locais. Mas o futuro promete e só o tempo é capaz de filtrar as injustiças do presente e transformar em pérolas no futuro. Vamos esperar, amigos escritores.

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