Geral: Cesarianas representam 40% dos partos no Hospital São Donato

Apesar dos esforços do Ministério da Saúde e dos funcionários de saúde, a porcentagem de cesarianas no Hospital São Donato já chega a 40%.
No Brasil, os partos por intervenção cirúrgica já são quase metade do total realizado, segundo a mais recente Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS).
A participação do companheiro ou da mãe reforça a segurança na escolha que, muitas vezes, depende da cultura das gestantes. "O principal motivo desse aumento é a falta de preparo da grávida e da própria família que, ao invés de apoiar e dar forças para que tudo aconteça naturalmente, como deve ser, fica com pena e incentiva a cesariana", explica Luciane Schut, gerente de enfermagem do São Donato.
Curso de Gestantes
Para dar essa preparação e informação que muitas vezes a grávida não tem, o hospital disponibiliza gratuitamente um curso para as gestantes todas as quartas-feiras. Porém, o interesse da população não está sendo sentido. Devido ao não comparecimento das grávidas (ontem, apenas duas foram à reunião), Luciane afirma que começará fazer inscrições para quem quiser participar. "Uma equipe multiprofissional vem até aqui voluntariamente para informar as pacientes, mas elas não comparecem. Daí fica difícil. Vamos começar a marcar o nome de quem interesse e quando fechar uma turma recomeçaremos os trabalhos", comenta a gerente.
Juliana Cardoso foi mãe aos 16 anos. Ela participou de um destes cursos e enfrentou o parto normal. "Eu não me arrependo. Não há como negar que há dor, mas na hora que você vê seu filho saindo, tudo passa. Sem contar que é muito mais tranqüilo. Eu saí do hospital caminhando, com meu filho no colo", conta.
As desvantagens da cesariana
No último Dia das Mães, o Ministério lançou a "Campanha de Incentivo ao Parto Normal" tentando diminuir as cesarianas não necessárias, pois segundo o próprio órgão, o número desse tipo de parto deveria ser de no máximo 15%.
Segundo a diretora administrativa do Hospital São Donato, Morgana Zock, o incentivo da entidade hospitalar é para o parto normal. "Ele é natural, pois acontece na hora exata em que mãe e filho estão preparados", explica.
Mesmo assim, no ano passado, a média do hospital de Içara foi de 37% de cesáreas. "No parto normal, tanto a mulher quanto o bebê têm mais vantagens. A mãe que faz parto natural não vai sentir dor e poderá segurar e amamentar o seu bebê imediatamente. Esse contato imediato é muito positivo no vínculo afetivo entre eles. Além disso, na cesariana, muitas vezes o bebê chega na hora errada, o que pode provocar problema respiratório", explica Luciane.
Gislaine Teixeira fez essa opção. O filho nasceu terça-feira no São Donato e ontem ela já o segurava no colo. "Esse é meu terceiro filho de parto natural", conta.
Já Gabriela Soares, quando teve o primeiro filho, não agüentou o medo e optou pela cesariana. "Além de me sentir fraca, só pude sair da maternidade depois de três dias e sentia dor quando segurava meu filho", conta.
Ela afirma que o pós-operatório foi a parte mais difícil da cesárea. Além da recuperação mais demorada, ela fez movimentos bruscos sem intenção e a cicatriz da barriga ficou maior do que o normal. No segundo parto, nem pensou. "Foi muito natural. Dói, mas vale muito a pena".